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quinta-feira, novembro 21, 2024

Walter Santiago Pereira – Dos tempos de infância em Maringá, a aprendizagem profissional em Umuarama, a empresário bem sucedido dos setores industrial, lazer e turístico em Rondonópolis

“Que saudade dos bons tempos, dos grandes bailes dos anos 60, o Baile Tropical, os grandes carnavais, as costeladas no Canadá, os trabalhos sociais, foi um momento impar para o lazer e o entretenimento da sociedade rondonopolitana.” Assim a nossa reportagem foi alegremente recebida pelo empresário Walter Santiago. Um cidadão de arrojados projetos que muito tem contribuído com o progresso industrial e social de nossa cidade, sobretudo nos segmentos do lazer e do turismo em Rondonópolis. Foi presidente do extinto Canadá por duas vezes e presidente do Lions Clube de Rondonópolis por duas vezes. Vamos conhecer um pouco mais da sua trajetória de vida através desta coluna que já é tradicional nas edições do Jornal Folha Regional.
Jornal Folha Regional: Como foi a sua infância?
Walter Santiago: Foi uma infância muito rica no sentido da união e amizade, carinho, amor e atenção que os meus pais Augustinho Santiago e Leonilda Pereira sempre nos deram. Nós sempre fomos muito obedientes aos meus pais que lutavam pelo nosso futuro, pela nossa felicidade e realização como cidadãos. Eu nasci na cidade de Maringá no Estado do Paraná, nos morávamos na zona rural onde plantávamos lavoura de café. A minha mãe já é falecida, o meu pai está entre nós, ele reside na cidade de Umuarama no Paraná, no próximo dia 12 de setembro ele estará completando 94 anos de idade. Nós somos em 7 irmãos: José, Antônio, Wilson, Roberto, eu Walter, Leodir e Milton.
JFR: Quais as lembranças da infância do período escolar e adolescência?
Walter Santiago: Eu fiz o primeiro grau, que naquela época tinha um bom conteúdo, já nos preparava para muitas coisas na vida. No período da adolescência vem a lembrança forte do meu pai que sempre foi para mim um herói. Com o passar do tempo vendo que os filhos estavam crescendo, chamou a todos nós para uma reunião e falou: “Olha meus filhos vocês estão crescendo tem que sair para trabalhar fora, eu quero que vocês entre no comércio.” Ele tinha uma propriedade em Umuarama, era um terreno com um barracão onde ele alugava e lá funcionava uma serralheria. Os locatários trabalharam no ramo durante quase 5 anos, em dado momento eles resolveram vender todo o equipamento e o meu pai aproveitou a oportunidade e comprou aquele comércio que era no segmento do aço. E assim nos fomos para a cidade, os ex- proprietários que venderam para nós ficaram na incumbência de nos ensinar todo o serviço, e mexer com os equipamentos. Aprendemos a fazer portão, grades e os demais produtos do ramo. Eu e todos os meus irmãos trabalhávamos naquela unidade. Com o passar do tempo sentimos que o espaço estava pequeno, e os irmãos começaram a sair um foi para Curitiba, um outro foi para Cuiabá e eu vim para Rondonópolis.
JFR: Em que ano você chegou aqui, como foi a sua chegada na terra de Rondon?
Walter Santiago: Eu cheguei aqui em 1986, ano de uma grande enchente ocorrida em Rondonópolis. Naquele ano no Estado do Paraná houve uma grande geada e consequentemente uma crise nas lavouras de café. Essa crise se abateu sobre todos os ramos do comércio, então nós tínhamos que encontrar uma outra alternativa que não fosse no Paraná. Foi quando eu saí de Umuarama com o pensamento e a intenção decisiva de ir para Rondônia. Eu vinha no ônibus com um pequeno mapa, que sempre consultava no transcorrer da viagem, e vi que a cidade de Rondonópolis era um entroncamento. Mas a minha passagem era com destino a Cuiabá via ao Estado de Rondônia, a minha intenção era ir para Rolin de Moura e outras cidades, mas naquele momento pensei bem e resolvi descer em Rondonópolis para conhecer a cidade.
JFR: Quem foi a primeira pessoa que te recebeu aqui em Rondonópolis?
Walter Santiago: Foi o Paulo Roberto, o Paulinho da COMAPA fiquei no Hotel Nacional no centro da cidade, de imediato eu fiquei sabendo que ele estava morando aqui em Rondonópolis éramos amigos de infância e de trabalho lá em Umuarama. Eu comecei a procurar o estabelecimento comercial dele que ficava próximo a uma praça, “Praça Brasil”, perto da Igreja Matriz. Encontrei a loja dele na Rua Arnaldo Estevam onde funciona hoje um restaurante. E assim reencontrei o meu amigo, foi uma grande alegria, contei a ele sobre aquele meu momento em que eu estava vivendo ele me disse: ”Walter aqui é o seu lugar”, eu estava realmente precisando de uma palavra que me motivasse. Naquela mesma hora ele pegou o carro e saímos pela cidade, pelos bairros, fomos para a Vila Operária, o Conjunto São José estava abrindo, a cidade estava crescendo. Eu disse ao Paulinho é aqui mesmo que eu vou ficar.
JFR: Quais foram as suas primeiras ações em Rondonópolis?
Walter Santiago: Eu logo aluguei um barracão na Fernando Correia, não tinha piso e nem porta, mesmo assim paguei 6 meses de aluguel adiantado para o proprietário, e disse à ele que iria para o Paraná buscar a minha esposa, mas que em 15 dias retornaria. Chegando lá comentei com a minha esposa, ela queria que eu trouxesse o maquinário para que ela viesse depois, eu disse não nos vamos todos juntos. Carreguei o caminhão Chevrolet com os equipamentos, eu mesmo vim dirigindo com destino a Rondonópolis. Deixei o caminhão no posto de gasolina e ficamos no mesmo hotel em que eu havia ficado nesta cidade pela primeira vez. Passamos então a morar no barracão, onde colocamos a porta, nessas alturas o proprietário já havia feito o piso. Coloquei uma lona como divisória, e deixei um espaço para os meus móveis.
JFR: Como foi a receptividade dos rondonopolitanos no início de suas atividades?
Walter Santiago: De início nós já começamos bem, comecei a fazer portões, grades, portas. A minha esposa já atuava como professora no Paraná, e ficou sabendo que na Vila Operária estava faltando professores, assim ela logo começou a lecionar. Eu então para facilitar eu aluguei uma casa na Vila Operária. Temos até uma historinha engraçada, meu filho Waltecir tinha 10 anos e me acompanhava no trabalho. A minha esposa fazia o almoço, o Waltecir sempre foi um menino forte e bom de garfo. A comida vinha em uma panela e numa dessas ocasiões, a minha esposa fez o arroz e o feijão, fritou 3 ovos e tampou, o Waltecir tirou a tampa da panela para esquentar a comida, e ele não viu que e os ovos estavam grudados na própria tampa. Eu esquentei o arroz o feijão disse: “Meu filho a coisa lá em casa tá feia, nem mistura tem.” Depois vimos que os ovos estavam grudados na tampa, até hoje nos lembramos desse episódio e rimos bastante.
JFR: Como foi a sua trajetória até chegar hoje a empresa no padrão Ferraço?
Walter Santiago: Tivemos a Santiaço entre outras denominações até chegar a Ferraço. Inicialmente eu fui expandir o trabalho para a Vila Aurora próximo ao posto de gasolina, onde a Comapa tem a loja Prime, eu fiz o aterramento do terreno e construí o barracão, bem próximo a casa do Dr. Albeny. Eu comecei a trabalhar com caixas d’agua, tanques e o barulho era muito grande, os amigos diziam que o Dr. Albeny chegava a amarrar objetos da casa para não cair com a trepidação. Posteriormente começamos a ter uma visibilidade desta área em que estamos hoje com a Ferraço, o terreno era do saudoso Zé Carlos do Cartório. Aqui funcionava uma marcenaria do Tranquilo um antigo morador e comerciante, o Tranquilo queria sair e me vendeu os direitos do lote, ou seja era cobrada uma espécie de locação da área. Tinha um pequeno barracão de Eternit, nós pagávamos um valor mensal muito pequeno. Depois de alguns anos o saudoso Zé Carlos do cartório disse, Walter eu estou vendendo estes terrenos eu facilito quero que você compre esses 8 lotes. Eu disse que não tinha condições, mas mesmo assim ele sempre insistia, eu acabei comprando 4 terrenos e mais 2 lotes paralelos, ele queria me vender o 8 lotes, mas eu não tive coragem. Sem dúvida ele me deu uma grande oportunidade, hoje estamos crescendo neste local com a nossa Ferraço.
JFR: Qual é o seu carro chefe no seu setor industrial nos dias de hoje?
Walter Santiago: Hoje é dobra de chapas, temos uma máquina de corte e dobra de chapas que sempre foi o meu sonho, nós compramos também um casal de máquinas com as quais nos trabalhamos aqui com peças rodoviárias ou rodoviários, que significa peças do cavalo mecânico da carreta para traz nós produzimos todas as peças. Hoje temos as empresas conveniadas que são as transportadoras que fazem consumo dos nossos produtos. Ao invés deles comprarem peças caríssimas, eles nos prestigiam nos valorizam e valorizam a cidade. Temos 60 funcionários trabalhando conosco, nesta unidade da Ferraço temos 10 máquinas de produção contínua. Agora estamos entrando também na construção civil, produzindo perfil estrutural, perfil para estrutura comercial. Estamos produzindo telhas térmicas com isopor, com película comum bom acabamento. Como nós precisávamos de mais espaço pegamos uma área de 10 mil metros quadrados no Distrito Industrial Razia, onde fizemos um barracão de 6 mil metros com carga e descarga desembobinamento de aço. Temos uma boa frota de transportes feitos pela nossa empresa com várias carretas que vão para São Paulo e retornam carregadas. Atuamos também nos setores de lazer e turismo temos o Balneário Cidade de Pedra e o Balneário Aguas Quentes.
JFR: Para encerrarmos esta entrevista desde já agradecemos a sua gentil atenção, ficam as nossas duas últimas perguntas: Qual a importância da família, e aquém você gostaria de agradecer por ter colaborado com você no início de suas atividades empresariais?
Walter Santiago: Antes de falar sobre a família eu gostaria de dizer que a nossa empresa tem um ambiente grandemente humanizado, nós temos duas psicólogas que trabalham aqui. A família representa tudo na vida de um cidadão, eu agradeço a minha esposa Celina Rodrigues Santiago, ao meus filhos Waltecir Rodrigues Santiago que toma conta do balneário Cidade de Pedra e Vanessa Rodrigues Santiago que é administradora e trabalha comigo é o coração da nossa empresa. Eu gostaria de agradecer ao meu grande amigo Paulo Roberto que me deu a oportunidade de ficar nesta cidade, foi o primeiro que me acolheu e me incentivou para que eu aqui ficasse. Ele sempre foi uma pessoa especial, nós temos que gostar do que fazemos, e isso é muito pouco nós temos que amar o que fazemos, eu amo esta cidade.

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