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Putin convoca reservistas e ameaça usar "todos os meios à disposição"

Durante o seu discurso nesta quarta-feira (21), o presidente russo Vladimir Putin falou sobre o andamento da operação militar especial para a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia e a libertação de Donbass, bem como medidas para proteger a soberania e integridade da Rússia utilizando todos os meios disponíveis. No Ocidente a declaração foi recebida como um anúncio de que Putin não descarta inclusive a utilização de armas nucleares.

Em seu discurso, o chefe de Estado disse que assinou o decreto para mobilização parcial na Rússia. De acordo com ele, as atividades de mobilização na Rússia começarão nesta quarta-feira, 21 de setembro.

"Para proteção da nossa Pátria, sua soberania e integridade territorial, para garantir a segurança de nosso povo e das pessoas nos territórios libertados, considero necessário apoiar a proposta do Ministério da Defesa e do Estado-Maior para realizar uma mobilização parcial na Federação da Rússia", disse Putin.

Putin ressaltou também que serão recrutados apenas os cidadãos que estão em reserva. Em primeiro lugar, aqueles que cumpriram o serviço militar e têm experiência. Eles receberão treinamento adicional baseado na experiência da operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

"Antes de serem enviados para as unidades, os recrutados deverão obrigatoriamente passar por treinamento militar, levando em conta a experiência da operação especial", disse o presidente russo.

Segundo explicou o ministro da Defesa da Rússia Sergei Shoigu em um discurso separado, a mobilização parcial é necessária para controlar a linha de contato, que tem uma extensão de mil quilômetros, bem como os territórios libertados.

De acordo com o decreto para a mobilização parcial na Rússia, os chefes das regiões russas foram instruídos a prover recrutamento para o serviço militar conforme a mobilização parcial na quantidade e nos termos estabelecidos pelo Ministério da Defesa, informa o serviço de imprensa do Kremlin.

PREOCUPAÇÃO
A fala de Putin levou as diplomacias ocidentais a tentar entender o que significaria na prática uma mobilização parcial. Mas governos como o do Reino Unido alertaram que as ameaças do Kremlin devem ser levadas a sério.

"Claramente é algo que devemos levar muito a sério porque, você sabe, não estamos no controle – também não tenho certeza se ele está no controle, na verdade". Isto é obviamente uma escalada", disse a ministra britânica das Relações Exteriores Gillian Keegan disse à Sky News.

No discurso, que foi pré-gravado, Putin ainda afirmou que a responsabilidade pela guerra é do Ocidente, que se envolveu em uma suposta "chantagem nuclear" contra a Rússia. O chefe do Kremlin insistiu que o país tinha "muitas armas para responder" e mandou um recado claro: "não estou blefando".

"Para aqueles que se permitem tais declarações em relação à Rússia, quero lembrar que nosso país também tem vários meios de destruição, e para componentes separados e mais modernos que os dos países da OTAN e quando a integridade territorial de nosso país for ameaçada, para proteger a Rússia e nosso povo, certamente usaremos todos os meios à nossa disposição", disse Putin.

Ao longo da guerra, Putin flertou com a opção nuclear em vários momentos. Mas diplomatas ocidentais acreditam que tal caminho não passaria de uma estratégia de intimidação, já que recorrer a tais armas significaria uma terceira guerra mundial e a própria destruição do governo russo.

Mas Moscou também deixou claro que apenas recorreria a tais armas se seu território fosse ameaçado. A questão, segundo negociadores, é que a nova ameaça ocorre num momento em que representantes do Kremlin instalados em áreas ocupadas da Ucrânia anunciaram planos para a realização de referendos imediatos sobre a adesão dessas regiões à Rússia.

As votações – previstas para este fim de semana em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia – permitiriam ao Kremlin afirmar, ainda que falsamente, que estava "defendendo" seu próprio território e seus cidadãos. Isso justificaria a mobilização de novos soldados e, ao mesmo tempo, ampliar as ameaças nucleares, já que agora estariam falando de territórios "nacionais".

Putin deixou claro que a Rússia vai apoiar os referendos, considerados pelo Ocidente como "altamente suspeitos". Na avaliação dos governos europeus, a possibilidade de uma fraude que permita um resultado positivo para Moscou é praticamente certa, repetindo o cenário da anexação da Crimeia em 2014 pelos russos.

 

Da Redação (com Sputnik Brasil e agências)

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