Visão geoantropocêntrica do pensamento

0
448

Da nova edição de minha obra Jesus e a Cidadania do Espírito (2019), destaco um tema que é muito apropriado a este nosso estudo. Nele, afirmo — e não se espantem: O conhecimento humano não deve escravizar as Almas. 

Alguns pensadores, embora tenham abandonado a perspectiva que Ptolomeu (90-168) possuía a respeito da Terra e do Sol — a de que tudo girava ao redor de nosso planeta (geocentrismo) —, lá no fundo, ainda assim academicamente raciocinam. Cultivam uma visão geoantropocêntrica em suas observações, submetendo os próprios juízos à distorcida imagem de uma ciência que, apesar de percorrer longuíssimas distâncias, no bojo de bólidos e mais bólidos de ultravelocidade, ideologicamente orbita em torno do globo terrestre; de uma filosofia cujo eixo gravitacional é o orbe que habitamos; de uma limitada espiritualidade geoestacionária etc. Não creem, hoje em dia, no errôneo sistema astronômico do pensador grego, mas agem, falam, escrevem como se tudo estivesse restrito à nossa área ou à visão material do Universo

Escrevi na Folha de S.Paulo, na década de 1980, que isso nada mais constitui do que um sistema egocêntrico: o ser humano a pretender que tudo evolua em torno do seu ego. Quanta presunção! 

Porém, já há muitos que se referem a novos universos, por meio do estudo da mecânica quântica e relativística. E mais: pelo menos alguns, por exemplo, já têm intuído a existência de outros Cosmos, os espirituais, revelados pela Ciência além da ciência

Precisamos ter a compreensão de que, mesmo estando na Terra, vivemos a Vida Eterna. Aonde você vai, meu Irmão, minha Irmã, meu jovem, minha jovem, durante o sono? Há regiões sublimes ainda não alcançáveis a Espíritos de poucas luzes. Quando chegar a hora, as portas lhes serão abertas. Ninguém jamais deve forçar a sua entrada pelo aparente, porém desastroso, “atalho” do suicídio, pois as consequências são gravíssimas: conduz a Alma a territórios espirituais asfixiantes, umbralinos, trevosos. A Lei de Deus tem que ser respeitada. 

Muitas vezes, o indivíduo, quando infringe as leis humanas, fica aparentemente impune. E coisas dessa natureza têm sido a desgraça das nações. Entretanto, não se iludam: no Mundo Espiritual, ou ainda mesmo na matéria, o sujeito é apanhado pela Lei de Deus. Diante dos sublimes mecanismos do Cosmos, não há brechas para o não cumprimento da Lei Divina. O que pode existir, isso sim, é um acréscimo de misericórdia de que nos fala Jesus. Mas o certo é que não há impunidade ao infrator em nenhum ponto do Universo. 

José de Paiva Netto