João Garcia de Souza natural o Estado do Paraná, mais precisamente na cidade de Cascavel na região conhecida por Norte Velho paranaense. Aqui em Rondonópolis ele deu grande impulso a Associação dos Moto Taxistas, e com sua liderança natural conquistou muitas amizades onde se firmou. Depois de muita persistência chegou ao legislativo rondonopolitano, se distinguindo como o vereador João Moto Táxi. Vamos conhecer um pouco mais sobre a trajetória de vida deste incansável cidadão.
Jornal Folha Regional: Como foi a sua infância em Cascavel?
Vereador João Moto Táxi: Os meus pais Altair Vicente Garcia, hoje está com 80 anos e minha mãe Maria Zelita Garcia hoje com 78 anos de idade trabalharam de sol a sol no corte da cana para criar os filhos. Foi uma infância de muita dedicação ao trabalho nada fácil, em que toda a família estava envolvida buscando a subsistência. Eu nasci em Cascavel e com um ano de idade, assim conta a minha mãe a família mudou para a cidade de Porecatu, cidade esta que fica na divisa com o Estado de São Paulo onde eu vivi até os 23 anos de idade.
JFR: Como era a sua composição da família, quanto irmãos o senhor tem?
Vereador João Moto Táxi: Nós éramos em 8 irmãos, sendo 5 homens e 3 mulheres, o meu irmão mais velho Alaércio teve paralisia infantil, hoje é falecido. Todos nós sempre tivemos uma grande consideração por ele ter cuidado de todos nós que éramos mais novos. Maria que é a minha irmã mais velha, Maria Ivonete, Edson que inclusive há mais de 30 anos encontra-se ausente, posso dizer que está desaparecido, fato que preocupa toda a nossa família. Ele saiu de casa em Porecatu e naquela ocasião foi para a cidade de Pitangueira no Estado de São Paulo, de Pitangueira veio para Mato Grosso mais precisamente em Barra do Garças e Aparecida do Taboado e perdemos o contato. A última notícia que tivemos dele, foi quando ele esteve em Rondonópolis no antigo DAE, hoje SANEAR procurando o meu cunhado, houve um desencontro e nunca mais soubemos dele. Complementando, tenho a minha irmã Selma Maria que trabalha na Escola Domingos Aparecido é professora concursada, eu João Moto Táxi, o José Aparecido, o Bento e uma irmã adotiva que é a Adriana. Todos residentes em Rondonópolis.
JFR: Como era a ocupação na roça dos chamados boias frias?
Vereador João Moto Táxi: Na hora do almoço nem sempre as marmitas eram esquentadas, e alguns ou a maioria comia a comida fria, dai o termo boias frias. A minha família sempre trabalhou nas usinas no corte de cana, e quem trabalhava ou trabalha nesse serviço do corte de cana era um boia fria. No Paraná ninguém se sente ofendido pelo referido termo, é uma atividade muito árdua, muito pesada mas até hoje famílias inteiras, homens mulheres e crianças tiram o seu sustento no corte de cana, que depois de cortadas elas vão para a usina e se transformam em vários produtos dentre eles o álcool caseiro e para a combustão no motor dos automóveis. Nos dias de hoje há uma intensa mecanização, mas o boia fria ainda tem uma grande importância naquela região.
JFR: Como era a sua rotina de criança na conciliação dos estudos com o trabalho?
Vereador João Moto Táxi: Eu trabalhava na roça, também colhendo algodão principalmente nos sábados que não tinha aula. Funcionava assim, na época da safra da cana eu colhia a cana, na época da safra do algodão eu colhia algodão. Nós não deixávamos de ir a escola, e assim sempre conciliávamos as atividades. O dinheirinho que ganhávamos na roça no sábado nos gastávamos no domingo na cidade que era bem próxima. Em Porecatu eu terminei o segundo grau e comecei a faculdade, que era na cidade de Londrina distante a 80 quilômetros de Porecatu, devido a essas e outras dificuldades não terminei o curso de Biologia. Aqui eu comecei o curso de Gestão Pública, mas também não terminei, mas podem ter certeza que eu vou terminar.
JFR: Qual era o seu sonho de infância?
Vereador João Moto Táxi: O meu sonho de infância era ser jogador de futebol, jogar no Flamengo, eu tinha um time em Porecatu o Vila Nova eu comprava os uniformes, as chuteiras e meias, pagava o ônibus para levar os jogadores. Naquela época eu ganhava o equivalente a uns 4 salários mínimos com o corte da cana, naquela região tinha vários times que representavam as fazendas, os jogos eram muito animados. O primeiro time que joguei chamava-se Congo ele existe até hoje em Porecatu. O Vila Nova chegou a ficar 34 partidas sem perder era um sucesso. Nós participávamos de todos os torneios que tinham naquela da região. Naquela época eu era chamado de Ronaldinho, por sinal eu sou mais velho que o Ronaldinho por um dia de diferença eu nasci em 21 de setembro de 1976 e ele nasceu em 22 de setembro de 1976. Eu era fã do Ronaldinho cortava o cabelo no mesmo modelo dele, no estilo cascão, e eu jogava bem, estava cogitado para fazer um teste no Clube Atlético Paranaense. Infelizmente eu levei uma entrada maldosa machuquei o tornozelo, fiquei quase 15 dias sem trabalhar e não pude ir ao teste. Os amigos que foram fazer o teste, a exemplo do Eduardo que jogava no nosso time passou, e posteriormente jogou até no Japão. Já o Ronaldo que tinha o apelido de Linguiça não passou no teste.
JFR: Como foi o “descobrimento” de Rondonópolis pela família quais os motivos da mudança para Mato Grosso?
Vereador João Moto Táxi: Em 1986 uma tia veio para Mato Grosso, me lembro que era Copa do Mundo, e daquele pênalti que o Zico errou, a minha irmã mais velha estava muito debilitada pelo intenso trabalho na roça, e a minha tia trouxe ela para Rondonópolis afim de que ela ficasse aqui. Ela conheceu aqui o Manoel do SANEAR se casou teve o primeiro filho, quando ela foi ter o segundo filho veio outra irmã minha para ajudá-la nas funções do dia a dia. Ela chegou aqui se casou também, só depois de casados que eles viram que eram amigos de tempos de infância lá em Minas Gerais, e quando ela foi ter o primeiro filho veio outra irmã para ajudá-la durante a gravidez, e aqui também casou e ficou. A família veio de pouco a pouco para esta querida cidade de Rondonópolis, depois foi a minha vez de vir para Mato Grosso por sugestão de minha mãe já que parte dos meus irmãos já estavam aqui. Eu vim passear em 1998 e gostei muito da cidade, em 1999 acabei vindo de definitivamente para Rondonópolis. Depois veio o meu irmão mais novo e ficou. Depois que o meu irmão mais velho faleceu a minha mãe veio de mudança para Rondonópolis.
JFR: Como surgiu a liderança na consciência do cidadão João Garcia de Souza?
Vereador João Moto Táxi: A consciência pela minha liderança começou já desde muito cedo nos canaviais, onde eu cortava cana para as usinas. Certo dia certo dia eu liderei um movimento reivindicando melhores condições para os boias frias, foi uma grande confusão, a usina mandou todo mundo embora sem direito a nada. Essa indústria era muito forte que dominava toda a região de Porecatu, Alvorada do Sul, Centenário do Sul a indústria se chamava Usina Central do Paraná. Trabalhei também em Regente Feijó no Estado de São Paulo, no mesmo ramo e lá liderei também uma greve e fomos de novo todos mandados embora sem direito a nada. Nos dias de hoje ela faliu e as cidades ao redor entraram em grande crise financeira, circula uma matéria no Youtube mostrando que a cidade de Porecatu tem mais gente no cemitério do que cidadãos vivos. Mas a questão politica sempre esteve presente, e foi uma questão bem natural, eu sempre gostei de estar com as pessoas, e quanto maior o grupo mais e a minha satisfação. Tenho um exemplo também do meu pai que sempre foi do PMDB dos tempos de Álvaro Dias, Requião e José Richa, no trabalho da usina meu pai sempre foi a favor dos trabalhadores. Meu pai era simpatizante de um candidato a vereador de Porecatu que se chamava Zuza, e sempre distribuía santinhos dele no decorrer das campanhas eleitorais. Na usina tinha vários chefes que também eram vereadores de outros partidos, mesmo assim meu pai corajosamente incentivava o candidato do PMDB. Se eu tivesse saído candidato a vereador lá certamente eu seria eleito, apesar da usina exercer um papel ditatorial e elegia quem ela queria, pelo poder do dinheiro.
JFR: Como foi o transcorrer da sua trajetória politica em Rondonópolis?
Vereador João Moto Táxi: Aqui em Rondonópolis eu fui eleito na terceira tentativa, eu cheguei aqui em 1999 quando foi em 2008 nove anos depois eu sai candidato, e o pessoal se surpreendeu com a minha votação era novo na cidade e tive 497 votos. Em 2012 eu tive 840 votos, em 2016 fui eleito com 1.324 votos. Se eu não tivesse me elegido certamente teria desistido, eleição realmente é muito desgastante principalmente para quem não tem recursos. Mas antes do legislativo eu fui presidente do bairro Jardim Liberdade por 11 anos durante 4 mandatos, sou presidente do Sindicato dos Mototáxistas. Uma outra trajetória minha de trabalho aqui em Rondonópolis foi no comercio trabalhei na Gelo Eden, na Madeireira Léia e Maranhão, inclusive a Léia foi candidata a vereadora, não se elegeu ela tinha o slogan “a vereadora sem salário” na madeireira eu trabalhei por pouco tempo, o salário era baixo e o serviço muito pesado, depois fui trabalhar com o moto-táxi.
JFR: Porque o senhor escolheu ficar no trabalho como moto taxista?
Vereador João Moto Táxi: O moto taxi nos dá um sentido de liberdade de trabalho, ou seja não temos patrão, o horário quem faz é a gente. O meu estilo de vida sempre prezou pela liberdade no trabalho e no ir e vir, eu queria trabalhar com o moto táxi porque era um momento livre. Eu cheguei a fazer as contas, no Gelo Eden eu ganhava cerca de 17 reais por dia, eu pensei se eu entrar no moto táxi e ganhar uns 20 reais por dia já estava bom, só que quando eu iniciei na profissão de moto taxista eu ganhava 80 reais por dia. Eu peguei uma época muito boa, fui muito feliz na profissão. Mesmo assim foi uma luta onde regulamentamos a nossa profissão com a prefeitura.
JFR: Quem foi a sua inspiração na polícia partidária?
Vereador João Moto Táxi: Todos que trabalhavam na lavoura, em especial na lida da cana de açúcar, tinha um forte desejo de votar no Lula, e o meu sonho era votar nele, todos gostavam da música “Minha estrela vai brilhar” aqui em Rondonópolis eu gostava muito do estilo do Juca Lemos fazer sua campanha para deputado, ele subia no carro de som e fazia todo aquele movimento, eu falei eu vou votar nesse cara. Na campanha do PT de 2006, ele me disse o moto táxi precisa de uma liderança, e você tem que ser essa pessoa, e eu acreditei no Juca Lemos. A partir daí comecei a trabalhar e resolve sair candidato em 2008 pelo PT eu fiquei em quarto lugar, o primeiro colocado foi o Mauro Campos com 1698 votos, depois o Cidão do PT com 1533 votos, o Juca Lemos com 765 eu com 497 e depois veio o professor Ademar com 492 votos.
JFR: Para encerrarmos a nossa entrevista: O que representa a família para o senhor, e a quem o senhor gostaria de agradecer por ter lhe apoiado em algum momento da sua vida?
Vereador João Moto Táxi: A família é fundamental na vida de qualquer pessoa, tenho uma família maravilhosa, a minha esposa era vizinha da minha irmão ela é natural da Bahia, e na ocasião que eu conheci a Vanete Barbosa eu tinha 23 anos e ela tinha 14 a partir de então começamos a namorar. Estamos casados há 20 anos tema filha de 19 anos de idade Talita Beatriz, ela trabalha na prefeitura, e em breve ela nos dará um neto. A Talita tem uma personalidade forte é de opinião própria e um tato para liderança, ela nesse sentido também se parece muito comigo. Gostaria de agradecer a toda minha assessoria, e dizer que tenho tido um grande apoio do prefeito Zé Carlos, do senador Welington Fagundes com relação aos meus inúmeros projetos em favor da sociedade rondonopolitana.