Porto Alegre – O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse hoje (27) que a criação da Comissão da Verdade, prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos, não tem a intenção de “jogar na masmorra” os envolvidos com crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar.
Em debate durante o Fórum Social Mundial, Vannuchi disse que o plano, que chegou a causar uma crise no governo, pretende garantir a memória do que aconteceu na ditadura e evitar que o período seja esquecido.
“A discussão não é revanchista, ninguém está preocupado em jogar ninguém na masmorra para que morra lá. O que se quer é jogar luz, conhecer para não deixar acontecer nunca mais”, disse.
Vannuchi disse que o Programa de Direitos Humanos incomoda porque trouxe à tona a possibilidade de reverter a impunidade na história recente do país.
“A reação que houve não é uma coincidência, não é por acaso. O que há de referência ao aborto, à união civil entre pessoas do mesmo sexo, com a possibilidade de adoção, a proposta de ranking das matérias de imprensa, toda essa caminhada faz parte de uma formação histórica. A comissão talvez tenha puxado um fio da mãe de todas as impunidades.”
O ministro criticou a cobertura da imprensa sobre o programa e disse que chegou a ser chamado de terrorista. “Uma revista disse que o que não consegui com o revólver estava tentando conseguir com a caneta. Houve pequenas características de linchamento, mas sobrevivemos.”
Apesar da polêmica, Vannuchi disse que não pretende reagir “com o mesmo espírito de ataque” com o que foi tratado por instituições, entidades e até autoridades do governo, nos últimos meses, por causa do programa. “Seria péssimo levar isso com mal humor, com mágoa e é preciso perseverar na tarefa de mostrar o que são os direitos humanos."
Fonte:Ag.Brasil