“Mas eu vejo que a mudança começa também dentro do interior de cada um de nós, temos que acreditar no nosso trabalho.”
Valdir Correia é natural da cidade de Iporã no Estado do Paraná, mas passou a sua infância em Mundo Novo hoje Mato Grosso do Sul. Seus pais Pedro Correia e Antônia Gonçalves de Oliveira tiveram 7 filhos, Benedito, Gilda, Daniel, Roseli, Sueli, Devair e Valdir. Sempre trabalharam na zona rural, e através do trabalho na roça todos foram criados e educados.Valdir enfrentou durante alguns anos um seminário, mas se rendeu a sua vocação de trabalhador e líder nas questões que envolvem as comunidades ruralistas, sobretudo nas grandes pendências que ainda norteiam a agricultura familiar. Valdir tem três filhos Valéria, Rafaela e João Pedro, atualmente é casado com Katiene Salomão.
Jornal Folha Regional; Já que o assunto é trabalho rural, vamos começar indagando; O que representa o trabalho rural na sua vida, e quais as experiências que você adquiriu nesse segmento?
Valdir Correia; Falando das atividades da roça, onde meus pais eu e os meus irmãos começamos a vida, foi um grande legado onde o trabalho e honestidade sempre estiveram acima de tudo. O trabalho rural é apaixonante é vida, só em pensar que estamos produzindo e levando comida na mesa das pessoas é uma grande benção e nos traz muitas felicidades. Os meus pais eram analfabetos, mas tinham uma grande visão da vida e humanismo, e como experiência maior que tive foi a humildade que partiu deles.
JFR; Como você ingressou na luta social, o que te levou a aprofundar nesse tema?
Valdir Correia; Vou falar um pouco da minha infância, eu comecei a trabalhar cedo a partir dos 6 anos de idade, eu fazia pequenos serviços, limpava café, batia o amendoim no balaio, capinava o algodão e batia o arroz. Desta forma eu fui crescendo com a consciência das necessidades que o meu pai tinha no dia a dia da roça e comecei a sentir que uma reforma, um apoio maior ao pequeno agricultor seria urgente, vendo o país com muitas terras nas mãos de poucos. Mato Grosso era o Estado do momento na questão agrária com enormes quantidades de terra naquela época ainda a ser explorada. Meus pais vieram de mudança para Rondonópolis nos anos 80, período em que comecei a participar do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, e me aprofundar nas questões da luta sindical nas questões da terra.
JFR; Você trabalhou com os brasiguaios, o que essa integração representou na sua caminhada?
Valdir Correia; Foi uma experiência muito positiva, somar forças em torno de um tema altamente representativo para o trabalhador rural. Em 1987 fomos a Brasília “cerca de 8.000 pessoas” numa grande marcha onde participamos do ato reivindicando na Constituição os Artigos que se relacionavam com a reforma agrária no Brasil. Nos dias de hoje a agricultura familiar e todos os pequenos que trabalham no meio rural são beneficiados, resultado da perseverança e intensa luta. Temos a consciência de que ainda há muito o que fazer para a estabilidade do setor.
JFR; Como você se define hoje com a experiência do trabalho no serviço público municipal, presidente de agremiação partidária e na liderança da Ouvidoria do INCRA nacional?
Valdir Correia; Vou usar uma alegoria, pense num menino com 8 a 10 anos de idade jogando bola num campinho sem trave e sem grama jogando futebol e sonhando em um dia jogar num campo todo gramado e com trave. Assim interpretei a minha ascensão, sou advogado formado na área do Direito, fui secretário de Agricultura do município nos anos 2.009 e 2010, hoje faço parte da Ouvidoria do INCRA nacional, atualmente sou presidente do partido Solidariedade. Me defino como um cidadão de bem que estudou e trabalhou para ser um colaborador na justiça social neste país, ou seja trabalhar por aqueles que ainda lutam pelo seu pedaço de chão para plantar.
JFR; A sua atuação no setor agrário te deu muitas oportunidades e te trouxe muito conhecimento fale um pouco sobre esses momentos;
Valdir Correia; Viajei muito conheci praticamente todos os estados brasileiros, fiz muitas palestras sobre a agricultura familiar. Ajudamos o setor organizacional da agricultura familiar, e ainda tive o contato com pessoas do ramo de diferentes opiniões, que só me enriqueceram.
JFR; De que forma você analisa nos dias de hoje o andamento da reforma agrária no Brasil?
Valdir Correia; Começando pela agricultura familiar, Rondonópolis e a nossa região sul acolheu a todos que para cá vieram indistintamente. E praticamente todos que aqui chegaram vieram decididos a conseguir um pedaço de terra para trabalhar. Ainda temos muitas áreas improdutivas não só aqui mas em todo o país. Vou citar Cuiabá, em especial a baixada cuiabana, temos grandes áreas improdutivas, inclusive também no nortão de Mato Grosso. É preciso dividir a terra, na agricultura familiar temos muito a crescer é preciso fazer mais, a monocultura chegou ao topo de sua produção.
JFR; Para encerrarmos esta entrevista gostaríamos que você fizesse uma análise atual da política partidária, já que neste ano vamos escolher os novos governantes. E comentasse também sobre a Administração do prefeito Zé Carlos do Pátio.
Valdir Correia; Este ano político vai ser muito marcante na vida de todos os cidadãos brasileiros. Acredito que todas essas mazelas, desvios corrupção serão filtradas pelo povo, vamos ter uma grande mudança, pelo menos é o que se espera. Aqui em Rondonópolis a atual administração traz um diferencial, sugere mudanças não uma mudança repentina mas a médio prazo. É evidente que essa questão traz um certo desgaste e muitas críticas, mas continuo afirmando, serão grandes mudanças positivas para a cidade e para a população. Mas eu vejo que a mudança também começa no interior de cada um de nós, temos que acreditar no nosso trabalho. Vamos escolher bem os nossos políticos, na esfera federal e na esfera estadual, muito grato por esta oportunidade.
Por Denis Mares