Baiano de nascimento, natural da cidade de São Desidério, filho do comprador de arroz Vital José Pereira, e da dona de casa Anízia Pereira da Silva. Ele Cresceu ao lado dos seus cinco irmãos, José Antonio, José Pereira Filho, Waldemir, Alzira e João Pereira. Apreciador da cultura indígena, desde criança presenciava os rituais e as danças dos índios Bororo, realizados na Praça Brasil.
Jornal Folha Regional; Qual o motivo da mudança de seus pais que saíram da cidade baiana de São Desidério para Poxoréo no Mato Grosso ?
Valdeth; Meus pais chegaram em Poxoréo no início de 1958, mas, no final do mesmo ano mudaram para a Rondonópolis. Poxoréo era uma cidade já bem conhecida em outros estados, em virtude de muitas famílias que vinham para está região com a finalidade de encontrar uma oportunidade, agarrar o progresso e viver uma vida feliz. Posteriormente toda essa região passou a ser promissora começando pela cidade de Rondonópolis.
JFR; Qual o cenário rondonopolitano, que ficou na sua memória a partir dos seus 10 anos de idade ?
Valdeth; A Praça dos Carreiros, a Avenida Marechal Rondon, quando não chovia a poeira tomava conta, quando chovia era um verdadeiro atoleiro. Ainda não existia o coreto da Praça dos Carreiros, havia um grande matagal com muitas trilhas. Foi uma infância feliz, confesso que tenho uma enorme saudade daqueles tempos,
JFR; A questão educacional hoje é muito citada como deficitária, na sua opinião quais os motivos dessa deficiência?
Valdeth; Na minha infância nos construíamos valores, as nossas brincadeiras eram saudáveis havia respeito para com os colegas, com os mais velhos e sobre tudo com os pais, parentes. Me lembro muito bem da minha infância, estudei no Colégio Sagrado Coração de Jesus, havia muitas competições esportivas, natação, futebol. Participavam os colégios 13 de Junho, Marechal Dutra, nós tínhamos respeito e admiração pelos professores. Hoje muita coisa mudou, a tecnologia avançou, e o lado do ser humano foi deixado para o segundo plano. Não se cultuam e não se respeitam mais os valores.
JFR; Qual a importância da família na formação do ser humano, sobretudo na formação de crianças e jovens?
Valdeth; O grande desencontro hoje entre pais e filhos acabou abalando os alicerces da família, que se desvinculou do padrão da família antiga. Foi uma mudança nada agradável, antes os pais sentavam-se a mesa com os filhos, hoje os filhos se sentam na frente do televisor, e assim o diálogo entre os familiares foi se esvaindo. Apesar de todos os contratempos, a família vai ser sempre a base fundamental na educação e na valorização do ser humano. Agradeço a minha esposa Ivonete Farias Pereira, as minhas filhas Rosângela, Maria Aparecida, Angélica e Verônica, e meus oito netos. A minha família é uma grande realização pessoal, agradeço sempre a Deus, pelas bênçãos.
JFR; Qual a sua avaliação sobre a funções da mulher na sociedade atual?
Valdeth; O papel da mulher na sociedade sem dúvida tem que estar em ritmo de igualdade com os homens, não podemos ser preconceituosos a mulher conquistou o seu espaço. Eu penso que por outro lado a mulher não pode ser culpada da ausência no lar pelo motivo de trabalho, situação que deixa muitas vezes os filhos na rua. Na minha opinião o estado não se preparou, não fez a sua parte, sobretudo não conseguiu suprir as carências da juventude, com atividades sócio –culturais, e esportivas. E assim sem uma atividade construtiva, e com a mente vazia acabam em situação de vulnerabilidade, principalmente afetos as questões com as drogas.
JFR; Quando você entrou no serviço público municipal?
Valdeth; Entrei no serviço público em 03/01/1988, no governo municipal do Dr. Fausto Farias, tenho mais de 27 anos de prefeitura municipal como seletista. A minha função na prefeitura é Agente de Serviços Financeiros, antes havia trabalhado em vários lugares, no Banco Itaú em Rondonópolis, inaugurei a agência do Itaú em Juscimeira, em agosto de 1979 a 1983 trabalhei na agência Itaú da cidade de Rosário Oeste. Atuei também na Rondomac, na Ester Engenharia, construtora da ponte da Av. Marechal Rondon.
JFR; Para finalizarmos esta entrevista, como você vê nos dias de hoje a cidade de Rondonópolis, e a quem você gostaria de agradecer, por alguma influência pessoal na sua trajetória de vida?
Valdeth; Pelo tempo moro nesta cidade, eu digo que há uns 25 anos atrás ninguém queria arriscar qualquer palpite imobiliário, poucas pessoas fizeram isso e se deram bem. Os terrenos não tinham valor, e se oferecidos de graça ninguém queria. A perspectiva que nós tínhamos era que a cidade era um pólo que poderia no futuro se tornar estratégico. Hoje me sinto realizado e muito feliz nesta cidade onde formei e criei minha família. Quero agradecer o meu amigo Nelson Matos construtor que me apresentou na prefeitura de Rondonópolis onde estou até os dias de hoje. Muito grato ao Jornal Folha Regional por esta oportunidade.