A decisão de negar o Habeas Corpus em favor do ex-presidente Lula, proferida no meio de semana, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), demonstrou que houve uma mudança de comportamento do povo brasileiro, no que tange a análise do trabalho da mais alta corte da justiça brasileira. A análise dessa mudança de comportamento não está na decisão final dos ministros e sim pelo simples fato que hoje, uma parcela considerável da nossa população, sabe muito bem que é, o que fazem e como votam a maioria dos membros do STF, uma prova inconteste que o brasileiro está estudando mais o que ocorre em sua volta. Há dez anos, por exemplo, se um repórter saísse às ruas e perguntasse quem são os ministros do STF, uma ou outra pessoa, conseguiria dizer o nome de pelo menos cinco dos onze membros da corte, e com toda a certeza, o acertador da pergunta seria ligado ao meio jurídico, fora disso dificilmente alguém acertaria. Hoje, no modelo atual, uma pergunta dessa seria respondida por uma parcela considerável da população, independente de estar ou não no meio jurídico, muitos sabem o nome dos 11 ministros do STF e de quebra falam de onde veio à indicação de cada um e como eles geralmente votam em assuntos mais polêmicos. Podemos ousar em dizer que antes o brasileiro sabia de cor os 11 jogadores da seleção brasileira, e hoje sabe a escalação dos 11 membros do STF. A grosso modo, podemos dizer que está havendo uma mudança na cultura do nosso povo, talvez graças aos julgamento do Lula, o brasileiro passou a se interessar mais pelo que ocorre dentro da esfera jurídica do país, passou a buscar mais informações sobre o direito e suas peculiaridades e aos poucos estamos deixando de ser o país do futebol para virar o país da análise jurídica. Talvez seja mais difícil escalar a seleção de Tite do que os membros do STF. O clima de Fla-Flu, os tribunais das redes sociais, pois hoje antes do julgamento da Justiça, ainda há o julgamento dos grupos de whastapp e do Facebook, onde se condena e absolve-se, e de histeria coletiva provocada pelo julgamento da última semana, com toda a certeza, vai ter reflexos futuros, pois a batalha nos tribunais entre Lulistas e Antilulistas está apenas no começo, pois devem ter mais processos pela frente envolvendo o ex-presidente para passar pela análise da Justiça e com certeza, muito mais complexo, do que este que estamos acompanhando. O resumo da situação pode ser levado em consideração a uma frase dita pelo polêmico ministro Gilmar Mendes quando se sentiu pressionado pela mídia com relação ao processo de Lula. Ele disse que antes o nosso país tinha 150 milhões de técnicos de futebol e hoje são 150 milhões de juízes espalhados pelos quatro cantos do país. Independente do contexto da frase do ministro, temos que concordar, o brasileiro está mais atento a tudo e menos preocupado com futebol e carnaval e isso não deixa de ser uma evolução do nosso povo.