Há um ano, as nuvens sombrias da recessão, vindas dos EE.UU, se espalharam pelos continentes e toldaram também o nosso horizonte.
Este segundo trimestre marcou a volta do crescimento da economia brasileira acompanhada da geração de empregos com carteira assinada, com a conseqüente redução da taxa de desemprego, varrendo a recessão e trazendo o país à normalidade.
No início da crise políticos e autoridades, não obstante aparentassem otimismo a ponto do Presidente Lula a considerar ”apenas uma marolinha”, nenhum deles acreditava na reação da nossa economia que a todos deixou surpresos.
Há que se reconhecer que, embora não o demonstrasse, a economia brasileira, de há muito vinha assumindo uma posição de total equilíbrio, a ponto de enfrentar eventuais crises que pudessem surgir. Não se pode ignorar que as reformas estruturais no país vêm sendo implementadas nos últimos 20 anos desde a abertura da economia e de mercado do Pres. Collor, passando pelas privatizações, pelo plano Real e políticas de equilíbrio fiscal do Pres. FHC e com a continuidade dessas políticas pelo atual governo, incluindo-se aí a autonomia do Banco Central e o estabelecimento de uma política equilibrada de estabilidade econômico-financeira.
Há que se considerar, também, fatores outros, no plano internacional, que têm o seu peso Em primeiro lugar há uma reação positiva na própria economia mundial, principalmente nos países asiáticos em geral, com destaque para a China, com quem as relações comerciais brasileiras se intensificaram nos últimos anos, em razão do aumento da demanda por commodities, do que tem resultado um efeito positivo sobre a nossa economia.
Um segundo aspecto a ser levado em consideração foram as posições da política econômica assumidas logo no início da crise, com especial destaque para tomada de posição do BC brasileiro que, ao reduzir o compulsório dos bancos bem como aumentar o crédito para as exportações e para as pessoas físicas pelos bancos oficiais e para as pessoas jurídicas pelo BNDS, aumentou a liquidez do mercado .
Há ainda a se considerar no mercado interno a posição do governo brasileiro ao incentivar o consumo com a desoneração do IPI para veículos, linha branca e materiais de construção, do que resultou a antecipação consumista e o equilíbrio do nível da demanda aos níveis anteriores à crise.
Dever-se-á levar em consideração, também, os serviços (bens que não são comerciáveis e não são passíveis de importação) prevendo-se que venham a exercer pressão inflacionária, para o que o BC já vem dando sinais de atenção com a previsão do presidente Meirelles de uma retomada de aumento dos juros para o início de 2010, trazendo o país à normalidade.
Não se pode esquecer que as medidas tomadas foram emergenciais para garantir a estabilidade da economia e aplainar o caminho para o retorno à normalidade. E as autoridades que regem os destinos econômico-financeiros do país estão atentas, tanto que, algumas daquelas medidas tem seu prazo estabelecido para terminar, como, por exemplo o IPI cuja redução tem prazo certo para terminar.
Esse é o Brasil que vem dando certo, e cujos destinos poderão estar à mercê da injunções políticas, pois não se pode esquecer que 2010 é um ano eleitoral, não obstante, os pré-candidatos venham dando sinais de uma posição de continuidade e avanços nas políticas públicas que são os alicerces da economia da país.
J.V.Rodrigues
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