UFMT: democracia e ciência

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No próximo dia 24 de julho estudantes, técnicos e professores decidirão em uma consulta pública, quem é o melhor nome para reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

 

Após esta etapa o nome ainda precisa ser homologado em órgão colegiado da instituição, que indicará uma lista tríplice para o Governo Federal. A eleição ocorrerá pela primeira vez da forma digital, devido a pandemia que impossibilitou o processo presencial.

 

A UFMT é uma das principais universidades do Brasil. Conforme o Ranking de Universidades (RUF-2019) ela é a quinta melhor instituição com menos de 50 anos, ocupa a posição 33 entre as universidades brasileiras, e é a segunda maior instituição de ensino superior da Amazônia Legal, ficando atrás apenas da Universidade Federal do Pará.

 

A criação da universidade federal foi um marco para o estado. Até aquele momento a alternativa existente para continuar os estudos era migrar para outras regiões do país. A UFMT não criou apenas oportunidades de educação, mas também foi um importante motor para desenvolvimento socioeconômico do estado.

O leitor precisa imaginar a dificuldade que era implementar uma universidade no centro da América do Sul. Ainda hoje, em plena década de 20 do século XXI, em algumas áreas do conhecimento, é difícil conseguir atrair doutores para migrarem para o pujante Mato Grosso.

 

Por isso é preciso fazer um reconhecimento aos esforços realizados pelos diversos reitores na consolidação da UFMT. Devido a essa dificuldade as três primeiras décadas foram marcadas pela expansão da graduação e o desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão.

 

No início do século XX a realidade universitária começa a passar por uma transformação. Nas últimas duas décadas dezenas de cursos de mestrados e doutorado foram criados na instituição. A pós-graduação é fundamental para que a universidade cresça em publicações, patentes e formação de pessoal altamente qualificado. Os programas de pós graduação são o motor que pode fazer a UFMT crescer ainda mais nos rankings internacionais e também desenvolver ciência e tecnologia para a sociedade em uma escala mais ampla. 

 

Ser a segunda maior instituição da Amazônia legal e chegar no ano do quinquenário figurando entre as cinco melhores universidades brasileiras com menos de 50 anos já são feitos notáveis, porém, a universidade pode e deve avançar ainda mais.

 

Não existe desenvolvimento econômico dissociado de desenvolvimento científico e de uma formação acadêmica cidadã e crítica e capaz de encontrar as soluções para a sociedade em que vive. O ensino universitário do Brasil começou tarde, sendo as universidades brasileiras as últimas a serem criadas na América do Sul. Em Mato Grosso a universidade demorou ainda mais para chegar, mas é inegável sua importância. 

 

Neste momento democrático, é necessário um debate maduro, pé no chão,  e que discuta os caminhos para que a universidade consiga continuar avançando mesmo durante a crise econômica. Não existe alternativa mágica, a universidade precisa criar uma sintonia e uma sinergia interna para maximizar as contribuições para governos, movimentos sociais, empresas e pessoas, ou seja, a sociedade em geral. O ambiente universitário permite uma autonomia para desenvolvimento de projetos e de debate sobre temas relevantes e diversos.

 

As críticas ou esforços para fazer a universidade avançar devem ser feitos de forma contínua, com a participação de professores, técnicos e estudantes, somos todos da UFMT.      

 

Caiubi Kuhn é professor da Faculdade de Engenharia, UFMT – Campus de Várzea Grande.