Tebet critica caciques do MDB e defende taxação de lucros e dividendos

A senadora pelo Mato Grosso do Sul e candidata ao Planalto Simone Tebet (MDB), foi a última participante de uma série de entrevistas com presidenciáveis na TV Globo. Entre vários temas, Tebet criticou ontem (26) o presidencialismo de coalizão, pregou formato de governo de conciliação e apontou erros de Bolsonaro na pandemia.
A advogada Simone Tebet, que já foi prefeita de Três Lagoas-MS e deputada estadual no MS, ainda busca alavancar sua campanha como uma alternativa às candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Apesar de ser referida na imprensa como a terceira via, a candidata nunca passou da quarta posição nas pesquisas eleitorais.
Em 2021, Tebet ganhou notoriedade nacional por ser uma das principais vozes femininas na CPI da Covid, o que a fez ganhar espaço na disputa pela Presidência dentro de seu partido em uma chapa em aliança com o PSDB. Ao lado da também senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), a chapa de Tebet é uma das primeiras chapas totalmente femininas da história eleitoral brasileira, ao lado da candidatura de Vera Lúcia (PSTU), que traz a indígena Kunã Yporã como vice.
MULHERES E COALISÃO
Durante a entrevista, Tebet defendeu a introdução de mais políticas públicas voltadas para as mulheres e prometeu, caso eleita, dar prioridade a um projeto de igualdade salarial entre mulheres e homens que exerçam as mesmas funções.
"A mulher ganha 20% menos que o homem, exercendo a mesma função, a mesma atividade. Se for negra, se for preta, ela recebe 40% menos. Me explique, qual a lógica disso?", disse.
A candidata afirmou, em resposta a questionamentos sobre o fato de que a maior parte das candidaturas do MDB serem de homens, que o partido não está na média das outras siglas. Tebet defendeu um projeto que estabelece pelo menos 30% dos postos de comando em partidos para mulheres.
A candidata do MDB foi questionada sobre o papel do partido em escândalos de corrupção e afirmou que pretende governar ao lado de pessoas ligadas ao centro democrático. Tebet afirmou que exigirá duas características de seus ministros, sendo elas honestidade e competência.
Tebet também criticou o chamado presidencialismo de coalizão e afirmou que atualmente se configura como um sistema de cooptação, no qual reina o fisiologismo e a mera aliança pelo poder.
“Nós temos que deixar de lado esse chamado presidencialismo de coalizão, que na verdade é de cooptação, que aconteceu no mensalão no passado. Compraram a consciência dos parlamentares para tentar uma reeleição. Foram descobertos, voltaram com o petrolão, fatiaram a maior estatal do Brasil e colocaram ali, inclusive, gente do meu partido, que você tem razão, e do partido do atual presidente da República”, apontou.
IMPOSTOS
Durante a entrevista, Tebet defendeu a taxação de lucros e dividendos para reduzir desigualdades. A candidata também afirmou que há uma necessidade de uma reforma tributária no Brasil que reduz a taxação sobre o consumo.
"Nós temos três reformas tributárias importantes no Brasil. Mas a mais importante hoje é a do consumo, porque quem mais paga imposto é o pobre, é o que mais consome", disse.
Segundo Tebet, essa reforma é necessária para garantir que o impacto do consumo na renda da população mais pobre seja menor. A candidata afirmou ainda que essa reforma está pronta, mas ainda foi votada no Congresso Nacional.
Tebet também afirmou que é "a favor da taxação de lucros e dividendos" e que essa é uma discussão que pretende levantar em um eventual governo.
FOME
A candidata do MDB citou como um de seus objetivos em caso de vitória nas eleições presidenciais o combate à miséria no Brasil. Para ela, a meta de seu governo seria de erradicar o problema em quatro anos.
Tebet detalhou que pretende erradicar a miséria com garantias de transferência de renda e educação de qualidade. Segundo ela, a necessidade de transferência de renda diminui conforme a população acessa o mercado de trabalho.
A senadora citou um projeto de sua própria autoria para a criação da chamada Lei de Responsabilidade Social, baseada na criação de benefícios sociais e de metas de redução da pobreza no Brasil. Tebet afirmou que esse projeto depende da reforma tributária e da volta do crescimento econômico.
"Quando o Brasil voltar a crescer e gerar emprego, você também diminui [a pobreza]. Não é erradicar a pobreza só com dinheiro público. E erradicar a pobreza não é dando só transferência de renda, é dando o peixe ensinando a pescar", afirmou.
Da Redação (com Sputnik Brasil)