Entre as ligações realizadas para os serviços de emergência do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), da Secretaria de Estado de Segurança Pública, um total de 12% é de trotes. Somente no primeiro semestre de 2018 das 355.481 mil ligações, 42.772 mil foram trotes.
O percentual de chamadas falsas de 2018 foi maior que o mesmo período de 2017, que contabilizou 9.52% do total de ligações. Canções, palavrões e histórias inverídicas sobre violência são os casos mais comuns de trotes praticados por crianças e adultos.
Na última terça-feira (31.07), um trote mobilizou quatro viaturas e 12 profissionais do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e Polícia Militar (PM). No início da tarde, um adulto ligou para o número de emergência avisando que duas crianças caíram em um poço no Bairro São Matheus, em Várzea Grande. De imediato foi solicitado o socorro e 10 profissionais do Corpo de Bombeiros se deslocaram para o local, incluindo dois mergulhadores.
“Assim que chegamos ao local verificamos que na borda do poço não havia nenhuma marca legítima de que alguém tivesse caído. Mas mesmo assim, iniciamos os trabalhos. Utilizamos escadas e demais equipamentos para realizar o salvamento. Após uma hora e meia de trabalho não foi encontrado e detectamos que se tratava de um trote”, afirma um dos bombeiros que participou da ação, tenente BM Fábio Gomes Pereira.
Ainda segundo o militar, o emprego de efetivo e viaturas em uma ocorrência falsa poderia estar ajudando pelo menos outras três situações verdadeiras. “O trote prejudica muito o trabalho a ser disponibilizado para quem precisa. Quem perde com isso é a população”, destaca.
As chamadas indevidas geram um “efeito dominó” em todo o sistema de emergência, pois quando não é possível identificar que a pessoa está passando um trote e a ocorrência é despachada para as equipe, uma viatura é empenhada sem necessidade, gerando custo ao Estado.
Outro fator negativo é que no momento em que ocorre o trote, um ramal fica ocupado, impossibilitando ajudar realmente quem precisa. Contudo, os prejuízos vão muito além.
“As pessoas precisam tomar consciência que trote é crime e desperdício de dinheiro público. Em média, quando uma viatura sai para atender uma ocorrência falsa, cerca de R$ 500 é deixado de investir em segurança pública. Se somarmos este valor a quantidade de trotes realizados no semestre, o prejuízo é de R$ 20 milhões. Todo este recurso poderia estar sendo investido em prol da sociedade”, disse o coordenador do CICC, tenente coronel PM Siziéboro Elvis de Oliveira.
Falsos solicitantes
O trote aos serviços de emergência é um crime previsto no Código Penal. Quando identificado, o autor é enquadrado no artigo nº 340 do Código Penal: falsa comunicação de crime ou de contravenção, cuja pena é detenção de um a seis meses ou multa.
Devido à proporção do problema, os atendentes do Ciosp receberam capacitação para identificar os sinais de falsas ocorrências ao primeiro contato. Embora não consigam bloquear todas as ligações indevidas, a triagem ajuda a amenizar os prejuízos.
SMS
Para inibir os trotes feitos pelo telefone celular e se aproximar do cidadão, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) implantou, em julho de 2014, um sistema de envio de mensagens de texto informativo.
O sistema é acionado quando a chamada de uma pessoa, via celular, é classificada como trote pelos atendentes do Ciosp. Uma mensagem de texto é enviada automaticamente ao celular com os seguintes dizeres: “Ciosp informa! Você fez uma chamada ao número de emergência que foi classificada como TROTE. TROTE é ato criminoso de acordo com o artigo 340 do Código Penal”.
Já quando a chamada não é um trote, a pessoa que realiza a ligação via celular ao Ciosp, recebe um torpedo SMS com o seguinte texto: “Você fez uma chamada ao número de emergência. Estamos empenhados em lhe atender”. A mensagem contém ainda o número e o dia da ocorrência gerada no sistema.
Atendimentos
O Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) é responsável pelo recebimento das chamadas emergenciais da Polícia Militar (190) e Corpo de Bombeiros (193), chamadas de emergência de trânsito da Secretaria de Mobilidade Urbana (118) e disque denúncia da Polícia Judiciária Civil (197) e denúncias de violência contra a mulher (181). A central também coordena o envio de pessoal e viaturas ao atendimento das ocorrências e o videomonitoramento.
Fonte: Hérica Teixeira | Sesp-MT