“Saí da agricultura para a pecuária, fui pioneiro na corretagem de gado em Rondonópolis”
Sebastião Cosmo da Silva, popularmente conhecido por Tiãozinho, nasceu no Estado de Pernambuco na cidade de Surubin. A família sempre trabalhou na lavoura de cana de açúcar e milho, e foi neste cenário que ele e seus quatro irmãos João, Severino, Tereza e Bernadete cresceram e estudaram. Logo cedo começou a trabalhar para ajudar no sustento da família, é mais uma experiência de vida que vale a pena conhecermos.
Jornal Folha Regional; Nas décadas de 1950/1960 as crianças, apesar da pouca idade já trabalhavam duro na roça, como foi a sua experiência?
Tiãozinho; Eu comecei a trabalhar na roça aos sete anos de idade, isso para o meu futuro foi muito positivo, foi um momento da minha vida que aprendi muito, havia muito respeito entre as pessoas. A família era unida, a educação era rígida sem ser violenta. Aprendemos a não ter preguiça, desta forma desde criança nossa mente foi treinada para enfrentarmos a vida de frente como ela é, sem desculpas e sem medo.
JFR; Como se deu a sua mudança para o sul do Brasil?
Tiãozinho; Eu sempre quis conhecer novos lugares, e aos 13 anos de idade fui convidado pelo meu tio Manoel Lourenço que estava de mudança para a cidade de Londrina no Estado do Paraná. Chegando lá virei vendedor, fui vender bananas nas ruas de Londrina, mas eu não me dei bem com o frio, e resolvemos ir para Mato Grosso, Campo Grande hoje MS.
JFR; Como foi a sua vida em Campo Grande, quais as oportunidades que surgiram?
Tiãozinho; Em Campo Grande, eu e meu tio começamos a trabalhar na Fazenda da Aldeia, na região conhecida como Ponte Vermelha. Demos uma contribuição muito grande para aquela região. Produziamos arroz, feijão e milho, apesar do grande desenvolvimento na produção agrícola, havia enormes dificuldades no escoamento da safra, as estradas eram poucas e muito ruins. Naquela ocasião não surgiram novas oportunidades de trabalho, ficamos na fazenda durante nove anos.
JFR; Uma pergunta que fazemos a todos os nossos entrevistados, porque achamos que a família e a célula mãe de toda a sociedade. Qual a importância da família no desenvolvimento do seu trabalho?
Tiãozinho; Com certeza, a família sempre nos incentiva a caminhar para novas conquistas, eu conheci a minha primeira esposa Beatriz da Silva, em Campo Grande, tivemos quatro filhos Cícero, Severino, Maria e Ilda. Com o falecimento de Beatriz depois de alguns anos me casei com a Diomar, temos três filhos Kleber, Créo e Cléia.
JFR; Em que período você chegou a Rondonópolis?
Tiãozinho; Eu cheguei nesta cidade em 1962, tínhamos um grande problema havia pouquíssimas estradas. O Rio Vermelho era intensamente navegável, os automóveis, caminhões e todos os veículos que traziam suprimentos para Rondonópolis ou Cuiabá tinham que passar pela balsa. Conheci os primeiros comerciantes que aqui se instalaram Nahin Cherafedini, que tinha uma máquina de arroz, ele comprava a produção de arroz de toda a região. O Zé Sobrinho tinha um armazém o antigamente chamado também de bolicho ou secos e molhados.
JFR; Você conseguiu se estabilizar economicamente trabalhando durante todos esses anos em Rondonópolis.
Tiãozinho; Eu adquiri 10 alqueires no Apoial, uma região que fica nas proximidades de Pedra Preta, e lá plantei arroz e milho. Construi também uma casa de tábuas, mas fiquei nesse local por pouco tempo devido a problema pessoal com um dos vizinhos. Trabalhei ainda na Fazenda Pontal do Areia, Fazenda Floresta, onde abrimos uma estrada que começava na Fazenda Viola, e ia até o Pontal do Areia.
JFR. Como e quando começou seu interesse pela venda de gado?
Tiãozinho; Nas décadas de 1970 a 1985 a comercialização do gado crescia cada vez mais na cidade, principalmente na zona rural. Foi então que eu fiquei conhecido como Tiãozinho corretor de gado. Eu visitava as fazendas, avaliava o gado e sempre fechava as vendas, foi um bom momento, eu me dei muito bem. Após 1985 entrou algumas instituições, associações de leilões, foi então que eu decidi parar. Na parte comercial a corretagem do gado, apesar da minha atuação no setor ter sido por muito pouco tempo, superou em valores todos os meus anos de atuação na agricultura. Desta forma saí da agricultura para a pecuária, fui pioneiro na corretagem de gado em Rondonópolis.
JFR; Agradecemos pela sua entrevista, desejamos saúde e felicidades nos seus 74 anos.
REDAÇÃO: DENIS MARIS