Guillain Barré: a síndrome que assusta

A síndrome de Guillain Barré é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso. É uma doença rara, que assusta muito, pois pode até matar. No início deste mês, houve um óbito de uma menina de apenas oito anos em Rondonópolis, com suspeita da Síndrome de Guillain Barré (SGB). A notícia colocou os rondonopolitanos em alerta, especialmente muitos pais que, inclusive, não sabiam da existência da síndrome. Assim, para falar sobre a doença, sintomas e tratamento, a reportagem do Folha Regional procurou a infecto pediatra Vanessa Siano.
De acordo com a médica, a SDG compromete o sistema nervoso ao ser atacado pelo sistema imune, podendo assim, causar a paralisia. Ela ressalta que geralmente, a síndrome ocorre após uma infecção.
“Na maioria das vezes, tem uma infecção viral, então você tem uma virose, que pode ter algum sintoma ou nenhum e depois de 10 a 15 dias, ou três semanas depois disso, começa a apresentar os sintomas da Guillain Barré. Ela não é uma doença adquirida, qualquer pessoa está sujeita e não é só depois de determinada infecção, pode ser várias, pode ser um resfriado. Alguns vírus estão mais relacionados a essa possibilidade devido à produção de imunoglobulina, que é a parte de defesa nossa, então o organismo se organiza para combater aquela infecção, mas aquela defesa que ele produziu acaba agredindo ao próprio organismo,” destaca a infecto pediatra.
Apesar de praticamente desconhecida, a Síndrome de Guillan Barré, conforme informou a médica, foi descrita em 1859. Atualmente, ela está mais evidência devido à relação com a Zika. “Houve muitos casos de Zika, como teve uma infecção em massa acaba tendo mais casos de uma complicação possível. A Zika assim como outros vírus, pode produzir esse tipo de reação no organismo e como passamos por um período de infecção em massa houve mais casos de Guillain Barré pontualmente. Não é uma complicação comum, é rara, mas quando você vê muitas pessoas infectadas, acabou se chamando a atenção agora,” explica a médica.
SINTOMAS
Entre os sintomas da doença está à paralisia flácida, o que provoca uma fraqueza muscular. “Geralmente, ela começa de baixo para cima, começa nas pernas e vai subindo, essa é a forma mais comum, mas nem sempre acontece assim. E como ela paralisa os músculos, o coração é músculo, a respiração quem faz o controle é o músculo, então, pode ter insuficiência respiratória, dificuldade de engolir, de manter a pressão. Nos casos mais graves, o óbito acontece por conta disso, da paralisia da parte respiratória, da parte de controle, circulatório também”.
Ela comenta que no quadro clássico a paralisia começa nas pernas, ou seja, debaixo para cima. “Mas não é um diagnóstico fácil, agora se ocorre das formas mais incomuns, onde começa a paralisar primeiro o braço, ou com dificuldade para engolir, para respirar é mais difícil ainda. Os sintomas podem ser os mais difíceis possíveis,” explica a médica.
Apesar de estar em evidência, ela explica que a mortalidade por conta da doença não é alta. A especialista destaca que o diagnóstico precoce é essencial para o tratamento da doença. “A importância é o diagnóstico precoce, não deixa chegar à insuficiência respiratória. Geralmente, a síndrome é secundária a uma infecção, mas às vezes, você não vai encontrar o gatilho, o que desencadeou o seu organismo a desenvolver aquela defesa que atacou a ele mesmo.”
MEDICAÇÃO / TRATAMENTO
De acordo com a médica, quando se trata da doença o importante que o tratamento seja feito na 1ª semana. “Quando é feito até na segunda semana, ele ainda é eficaz, a gente fala que é uma corrida contra o tempo. O grande problema do tratamento é o custo, é um tratamento caro, com imunoglobulina humana.”
Em média, o valor de um frasco do medicamento custa R$ 900. “É um medicamento de alto custo, não é usado só para esta condição, é usado para algumas doenças que tem essa característica de autoimunidade, é um anticorpo, na verdade a gente da à imunoglobulina, a função dela é se ligar naquilo que o organismo produziu que está atacando o corpo e não deixar mais que sofra aquela agressão. É como se fosse um combatente daquilo ali,” explicou Vanessa.
“O tratamento faz geralmente em 24h, a estabilização na melhora do paciente, que às vezes, é demorado, mas o remédio serve para parar aquele processo de agressão e tentar estabilizar. O tratamento de suporte tem que ser continuado, porque a melhora do paciente será graduada e às vezes, deixam sequelas permanentes, em crianças são mais raras do que adultos, mas por algum tempo terão que reaprender a andar, terá que fazer fisioterapia,” informa a infecto pediatra.
CASOS
A médica ressalta que as suspeitas de casos da SGB subiram em decorrência dos casos de Zika. “Subiram as suspeitas, tanto é que no ano passado, tiveram três e quatro casos em Romdonópolis, de uma maneira geral adultos e crianças, até em decorrência dos casos de Zika, assim como no Brasil inteiro teve um aumento nos casos de Guillain Barré. Muitas vezes, não sabemos se houve um aumento no diagnostico ou se de fato, houve um aumento na incidência da doença.”