O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Wilson Santos (PSDB), afirmou que a Operação Rêmora, deflagrada pelo Gaeco, na última terça-feira (4), simboliza “o maior problema” da gestão do governador Pedro Taques (PSDB).
A operação investiga um suposto esquema de fraudes que pode ter ultrapassado o montante de R$ 56 milhões em obras públicas de construção e reforma de escolas, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
“O professor e governador Pedro Taques está diante do maior problema, até então, em seus 16 meses de gestão. Um problema que não é único e que nenhum Governo, em níveis municipal, estadual, nacional e internacional está imune”, disse Wilson Santos, em pronunciamento na tribuna da Assembleia, na quarta-feira (4).
“A corrupção está lastreada. Agora, o gestor, ao tomar conhecimento dela, precisa agir de forma republicana, corajosa e firme, doa a quem doer, cortando na própria carne, se necessário”, completou.
Wilson afirmou que a postura de Taques – que aceitou a demissão do secretário Permínio Pinto, exonerou um servidor da Seduc envolvido no esquema e afastou outro – demonstra "a seriedade do Governo".
“O governador Pedro Taques fez certo em aceitar a renúncia do secretário Permínio, fez certo em exonerar os que já exonerou e vai exonerar tantos quanto forem necessários, não tenho dúvida”, disse.
“Taques já havia dito, há meses, que seu Governo não esta imune à corrupção, mas, quando fosse de seu conhecimento, ele mostraria como se age, de forma republicana, austera, em respeito aos princípios constitucionais”.
Saída de Permínio
Em seu pronunciamento, Wilson Santos também elogiou a postura do secretário Permínio Pinto, que, na noite de terça-feira, pediu ao governador seu afastamento do cargo.
“Quero dar os parabéns ao secretário Permínio. Inclusive, tenho em mãos parte da decisão da juíza Selma Arruda, onde ela diz que não encontrou, até agora, nenhum indício, nada que comprometa o ex-secretário Permínio”, observou o deputado.
“A saída do secretário foi um ato unilateral, exclusivo da sua lavra. Ele pediu a saída, para que não houvesse má interpretação de sua conduta, que ele não pudesse ser interpretado como alguém que, permanecendo no cargo, pudesse atrapalhar as investigações”, disse.
“Vejo dois fatos positivos em toda essa situação. Primeiro, a decência, a coragem cívica do secretário em abrir mão de seu cargo para permitir uma investigação isenta. Segundo, a postura do governador Pedro Taques que, doa a quem doer, se for necessário cortar a carne até o osso, vai cortar”, concluiu o líder do Governo.
Operação Rêmora
A Operação Rêmora, deflagrada pelo Gaeco na manhã de terça-feira (3), investiga um suposto esquema de fraudes que pode ter ultrapassado o montante de R$ 56 milhões em obras de construção e reforma de escolas no Estado.
Conforme o Gaeco, as fraudes começaram a ocorrer em outubro de 2015 e dizem respeito a, pelo menos, 23 obras em diversas cidades do Estado.
As investigações apontaram também que o grupo seria composto por três núcleos: de agentes públicos, de operações e de empresários.
O núcleo de operações, após receber informações privilegiadas das licitações públicas para construções e reformas de escolas públicas estaduais, organizou reuniões para prejudicar a livre concorrência das licitações, distribuindo as respectivas obras para 23 empresas, que integram o núcleo de empresários.
Por sua vez, o núcleo dos agentes públicos era responsável por repassar as informações privilegiadas das obras que iriam ocorrer e também garantir que as fraudes nos processos licitatórios fossem exitosas, além de terem acesso e controlar os recebimentos dos empreiteiros para garantir o pagamento da propina.
Já o núcleo de empresários, que se originou da evolução de um cartel formado pelas empresas do ramo da construção civil, se caracterizava pela organização e coesão de seus membros, que realmente logravam, com isso, evitar integralmente a competição entre as empresas, de forma que todas pudessem ser beneficiadas pelo acordo.