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quinta-feira, novembro 28, 2024

Tabata Amaral – Mulher jovem de 25 anos eleita deputada federal dá exemplo a muitos políticos tradicionais

No fim de março, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) fez uma série de perguntas ao então ministro da Educação, Vélez Rodríguez, que turbinaram seu número de seguidores e fãs. "Onde estão os projetos, as metas, quem são os responsáveis?", cobrou. Na última quarta-feira, em que o atual ministro, Abraham Weintraub, estava no plenário da Câmara dos Deputados, a expectativa era alta sobre o que ela iria dizer. Reservada, ela não vaiou nem aplaudiu os demais discursos. Revisou o que iria falar e trocou interações breves com outros políticos ao longo do dia.
Antes do discurso, colegas a interpelavam nos corredores para pedir sua opinião sobre a sabatina, que se arrastava por horas. Ela dizia que estava triste e um pouco decepcionada com o nível do debate. Como esperado, a oposição esbravejava contra o governo e bolsonaristas defendiam o ministro, com algumas trocas de ofensas. Gritos interrompiam os discursos. Quando a jovem de 25 anos subiu na tribuna, porém, todos ficaram em silêncio.
"São tantos absurdos, tantas arbitrariedades. A primeira delas é dizer que há uma concentração nas (ciências) humanas. Não é verdade, ministro. Apenas 1,4% da verba do CNPQ vai para as ciências sociais. Apenas 23,7% das bolsas da Capes vão para humanas e ciências aplicadas. O segundo absurdo é cortar de três universidades que têm um bom desempenho e falar que é por balbúrdia", disse a deputada.
"Logo se diz que o corte, na verdade, é para destinar para educação básica, mas vemos mais uma mentira. Até agora, já foram R$ 914 milhões (bloqueados), impactando também educação infantil e creches. O senhor é um gestor, e em vez de ficar aí veiculando vídeos falsos de outros países, deveria fazer uma pesquisa para mostrar se há abusos, se há excessos, e como a gente deveria lidar com eles. em sua apresentação, falou que prioridade é ensino técnico. Então como cortar dos IFs (institutos federais), ao invés de apoiá-los?", disse.
"O senhor é um ministro de Estado hoje. Não pode vir aqui dessa maneira, sem nenhum critério técnico, baseado em ideologia, e travar essa guerra ideológica, essa cruzada contra o que o governo chama de marxismo cultural, que não existe. O senhor entrou no ministério com três meses e meio de atrasos, polêmicas, desmandos, paralisia, não há tempo. Tem que falar de Enem, Fundeb, formação de professores e sair dessa guerra ideológica. A educação nas universidades não é um projeto de um único partido, são um projeto de nação."
À ÉPOCA, ela contou que deputados de todo o espectro ideológico esperavam que ela injetasse um pouco de bom-senso na discussão. "Vários deputados, vieram até mim, da oposição, do governo e do próprio PSL, dizendo 'olha, fala alguma coisa que fuja um pouco (da polarização), por favor?'. Porque eles têm que cumprir o papel deles, mas queriam falar de educação."
Em tom de brincadeira, alguns vieram lhe perguntar se ela ia derrubar mais um ministro. "Eu falei que não, porque aí vem o próprio Olavo de Carvalho depois, está só piorando com essas demissões", brincou. "A frustração que tinha com o Vélez no caso dele é uma preocupação real. Nesse momento, eu não consigo só ficar brava, eu fico triste pelo que está acontecendo. Foi um dia mais de tristeza do que de raiva." Segundo ela, a grande vitória do dia está nas ruas, nas manifestações em prol da educação que tomaram o país.

Fonte: Revista Época

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