Edielson Alves Silva – “Tula da Mercearia”

“As águas do Rio Vermelho e Arareal eram cristalinas, a pesca estava garantida e a natação era o nosso maior lazer.”
Edielson nasceu em Rondonópolis em15/04/1961, ele conta um pouco da sua história, e do tempo em que os moradores podiam dormir de portas e janelas abertas.
Jornal Folha Regional; Como foi a sua infância, como surgiu o apelido Tula, e quais as atividades que vocês se dedicavam na década de 60?
Edielson; Na infância eu me dediquei ao trabalho, fui vendedor de picolés, e engraxate. Onde hoje é o correio na Praça Brasil era a Delegacia de Polícia, e eu sempre engraxava os sapatos dos policiais. O apelido Tula começou cedo, as pessoas me chamavam de Tatu, como eu tinha uma constituição física forte, ou seja eu era gordo passaram me chamar de Tula, e pegou, não me lembro quem oficializou esse apelido. O futebol sempre nos atraiu, havia vários campos, inclusive um bem próximo onde hoje é a Elétrica Serpal. O Estádio Luthero Lopes era onde é hoje o Atacadão, em frente a Santa Casa onde hoje é uma praça era também um campo de futebol.
JFR; Na adolescência quais os pontos mais freqüentados pelos jovens da época?
Edielson; Eu e alguns amigosJosé Oliveira, Edinho e outros quase que da mesma idade, freqüentávamos o Dindas Bar, era um ambiente muito saudável. O primeiro ponto de encontro da juventude daquela época foi o Restaurante Marrom Glacê. Tudo ficava perto, da Marechal Rondon ou Av. Amazonas,dançamos também muitos bailes com Marinho e seus Beat Boys na ABR, hoje Canadá.No futebol nós freqüentávamos o Estádio Luthero Lopes, onde assistíamos maravilhosas partidas de futebol entre Santos e Batidinha, e os demais times que estavam surgindo naquele período. Anos mais tarde surgiu o UniãoEsporte Clube.
JFR;Rondonópolis tinha grandes legados naturais nas décadas de 60/70, que com o passar dos anos foram se deteriorando, e como exemplo citamos a poluição dos Rios Vermelho e Arareal, na sua opinião porque isso aconteceu?
Edielson; As águas do Rio Vermelho e Arareal eram cristalinas, a pescava estava garantida e a natação era o nosso maior lazer. As pessoas não se deram conta de que era preciso preservar, com o tempo foram jogando esgoto, lixo e até mesmo dejetos humanos, e produtos químicos oriundos das industriais. O desmatamento indiscriminado foi o responsável pelo assoreamento dos rios, hoje temos um quadro triste e desagradável.
JFR; E o que dizer do seu comércio, “Casa Estrela do Sul” também chamado de empório, mercearia ou mercadinho um dos mais tradicionais da cidade, que mantém a sua clientela há 42 anos?
Edielson; A Casa Estrela do Sul foi aberta em 1972, é um comércio familiar, eu quero agradecer aqui a todos os meus irmãos, em especial o meu irmão Gilson. A família tem uma grande importância em nossas vidas, agradeço a minha esposa Angela Vieira do Nascimento, aos meus filhos Juliana, Gabriel e a minha enteada Ihamily.Somos em seis irmãos, dois nasceram em Goiás e quatro em Mato Grosso; Wilson, Gilson, Edson, Adair, Marli e eu Edielson.
JFR; Mas qual é o segredo para manter uma clientela durante todo esse tempo, e sendo fiel a tradição, ou seja manter um modelo de atendimento que hoje em dia é muito raro?
Edielson; Aqui nós estamos em harmonia com a simplicidade, conhecemos quase todos os clientes pelo nome. Duas ou três gerações sempre passam pela nossa mercearia, temos clientes que compramno sistema de fichas ou cadernetas, onde as compras são anotadas e somadas no final do mês. Nós confiamos nos nossos clientes, que também confiam no nosso trabalho.Aqui, graças a Deus as amizades tem se perpetuado.
JFR; Para finalizarmos esta entrevista desde já agradecemos pela sua atenção, fale um pouco sobre a Rondonópolis de ontem e a de hoje, qual a comparação?
Edielson;No passado nós podíamos dormir com as janelas e portas abertas, a cidade se desenvolveu, hoje temos muitas indústrias, inúmeras escolas. Shopping Center, Supermercados. Temos saudade da Lanchonete da Praça dos Carreiros, dos sorvetes do Zé da Kibon. Mas como tudo muda, toda mudança tem o seu preço, eu sempre digo aos nossos amigos e clientes; “Nós éramos felizes e não sabíamos,” muito grato ao Jornal Folha Regional por esta oportunidade.
redação: Denis Mares