Perder alguém querido para o tráfico humano é uma realidade que machuca muitas famílias hoje em dia. Essa dor pode ser evitada por meio da informação que permite que a sociedade tenha noção de como agem as quadrilhas que praticam esse tipo de crime e o que fazer ao perceber que o sujeito tem atitudes suspeitas. Foi justamente com esse propósito que o Departamento de Ações Programáticas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esteve, na sexta-feira (30), na BR-364, no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), abordando veículos que passavam pela rodovia para oferecer material educativo a respeito dessa transgressão e indicar formas de combatê-la.
Aliada ao Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de Mato Grosso (Cetrap-MT) e, ainda, contando com o apoio da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social, da Pastoral da Mulher Marginalizada, da Polícia Militar (PM) e da PRF, a Saúde, por meio da abordagem com diálogo a quem estava dentro dos automóveis pôde abrir os olhos da população para os indícios desse delito, motivada pelo Dia Mundial do Combate ao Tráfico de Pessoas, aludido internacionalmente em 30 de julho.
“Entregamos mais de 2 mil panfletos. Quando nos aproximávamos dos veículos e explicávamos aos passageiros sobre o assunto da abordagem, muitos se surpreendiam porque não conheciam esse crime. Outros até já tinham ouvido falar a respeito e sabiam que as rodovias são uma das principais rotas de tráfico de pessoas. Mas não tinham ciência de que é algo tão comum e presente entre nós”, comenta a técnica do Programa de Combate às Violências do Departamento de Ações Programáticas da SMS, Edna Rodrigues.
Seduzir vidas com histórias de contos de fadas, tragando-as ao abismo da escravidão, da servidão sexual ou da usurpação de órgãos do corpo que viram objeto de negociação. Assim se constitui a trama do tráfico de pessoas, que tem como principais presas mulheres, desempregados, migrantes, crianças, enfim, aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. “No que se refere a crianças, geralmente, as meninas são usadas para exploração sexual. Mas se as vítimas são menino, o destino é o trabalho forçado”, detalha Edna.
Existem pistas que o criminoso deixa e que podem ser captadas por quem está atento e sabe como o aliciador executa sua função a fim de atrair a vítima. Com esse conhecimento é possível agir antes que ela seja capturada pelo transgressor. Ou, caso ela já tenha sido enredada na teia maquiavélica, há condições de resgatá-la.
Silenciar sobre o endereço para onde vai levar a pessoa, solicitar que lhe entregue documentos e passaportes para que fiquem sob sua guarda e dificultar ou impedir que ela mantenha contato com amigos e familiares, privando-os de notícias sobre quem foi levado, são algumas táticas que fazem parte do script do algoz.
Nos folders distribuídos havia também informações sobre as precauções a serem tomadas ao receber convites com promessas de emprego e salário extraordinários ou que pareçam fugir da realidade. “É preciso prestar atenção e desconfiar de propostas milagrosas com altos rendimentos, verificar referências sobre o contratante e requerer-lhe endereço, telefone de contato e cidade onde a tarefa será executada”, assinala a servidora da Saúde.
Qualquer cidadão, ao perceber alguma situação que cause estranhamento apresentando algumas das características que marcam o tráfico de pessoas, pode e deve denunciar. Para tanto, existem vários canais, como o 190 da PM, o 191 da PRF e o disque 100 do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Quando a traficada for mulher e esteja sofrendo violência doméstica, é possível também ligar para o 180 da Secretaria Nacional de Política para Mulheres.
Fonte: Da Assessoria