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sexta-feira, novembro 22, 2024

Simpósio “Entendendo o autismo e o processamento sensorial” dialoga sobre o TEA com professores e coordenadores da Semed

Falar sobre autismo e buscar compreender a visão de mundo do autista. Essa é a proposta da seminário “Entendendo o autismo e o processamento sensorial”, uma realização da Secretaria Municipal de Educação (Semed) em parceria com o Projeto Autismo na Escola, que aproveita o Abril Azul, mês que frisa a importância da conscientização sobre o autismo, para debater o tema com os professores e coordenadores da Pasta. O workshop acontece na próxima sexta-feira (12), das 18h às 22 horas, no Auditório da Semed, e terá como moderadores a neuropsicóloga e idealizadora do projeto Érica Rezende Barbieri, a terapeuta ocupacional Michelle Casali e o médico Enã Rezende.

Em 2017, segundo a gerente da Divisão de Educação Especial e Diversidade da Semed, Neuzeli Fuza, a Rede Municipal de Ensino contava com 46 crianças com autismo. Em 2018, esse número subiu para 89. E, atualmente, a Semed soma 109 crianças desse público. A gerente avalia esse crescimento na procura dos pais por matricularem filhos autistas na Educação Municipal: “O aumento de alunos com espectro autista revela o reconhecimento de que estamos fazendo um bom trabalho e conseguindo dar o estímulo adequado ao bom desenvolvimento dessas crianças, já que o autista tem capacidade de aprendizado como qualquer outro indivíduo, só que precisa de um estímulo específico, em virtude do transtorno”.

Neuzeli também atribui o resultado positivo no aprendizado do estudante com autismo à preocupação que a Semed tem em proporcionar capacitações como a que ocorre nesta sexta-feira, visando preparar os docentes para atuar com turmas que integram crianças autistas. “O conhecimento que os professores adquirem nesses eventos é aplicado em sala de aula, dando ao aluno autista a atenção apropriada que ele requer e, ao mesmo tempo, trabalhando com toda a turma. Assim, o professor também ensina os outros alunos, desde o pequenos, que não há motivo para preconceito, proporcionando um ambiente de acolhimento natural entre os que não têm o transtorno e o aluno autista”.

“O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social”, define Érica Rezende Barbieri que, durante o encontro, vai abordar maneiras de lidar com o aluno autista em sala de aula a fim de favorecer melhores resultados no processo de ensino e aprendizagem. Ela ainda enumera alguns traços que uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode apresentar, como visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensíveis – característica que é denominada de Transtorno do Processamento Sensorial (TPS). Também pode ocorrer alteração emocional quando há alguma mudança de rotina. Outros sintomas são a realização de movimentos corporais repetitivos – as estereotipias –, o apego anormal a objetos e a dificuldade para compreender metáforas e ironias.

Contudo, apesar do trabalho que várias entidades desenvolvem, o relacionamento que muitas pessoas travam com os autistas ainda é impregnado pelo preconceito, segundo a neuropsicóloga. Ela comenta que esse é o maior obstáculo enfrentado e destaca que entre as intervenções mais eficazes para acolher, incluir e amenizar os sintomas de quem é autista está a identificação do transtorno nas idades iniciais: “O diagnóstico precoce é primordial. Além disso, terapias comportamentais, educacionais e familiares podem reduzir os sintomas e oferecer um pilar de apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem. Dessa forma, é possível melhorar a qualidade de vida do autista e de sua família”.

Integração sensorial e suas disfunções impactando no aprendizado da criança, regulação sensorial através da teoria polivagal nos autistas e estratégias facilitadoras dentro da escola para auxiliar a regulação do aluno autista estão entre os temas que serão abordados pela terapeuta ocupacional Michelle Casali.

A partir do conceito “Nada sobre nós sem nós”, Enã Rezende, que é autista, vai relatar sua experiência de desafios e superação por ser portador do transtorno e conseguir provar sua capacidade de realização. Apesar do preconceito enfrentado desde a infância, ele chegou à universidade e, hoje, é médico.

Criado em 2017, em Rondonópolis, o Projeto Autismo na Escola visa, por meio de recursos audiovisuais, dinâmicas e explanações, levar informações sobre o autismo, formando multiplicadores conscientes sobre o que é o TEA. Desde que teve início, já visitou 80 escolas e, agora, está ampliando seu espaço de atuação para igrejas, indústrias e órgãos públicos.

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