Setembro para pensar nelas

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O mês de setembro é conhecido pelo enfrentamento ao suicídio, o que é de extrema necessidade. Há que se pensar nas meninas e mulheres neste momento. Muitas delas crescem e se desenvolvem envoltas nas variadas violências.

Dentro do ambiente doméstico e familiar elas se veem ‘detidas’, com portas e janelas abertas. Com filhos e filhas a embalar e tristes histórias a contar, as mulheres passam pela terrível tristeza e desamor em não enxergarem saída para os problemas familiares.

Com tremores, pelo medo, nelas é provável vislumbrar a chegada de doenças oportunistas, tal como a depressão.

Inclusive, histórias de cartas encontradas com o corpo dão conta de que a violência doméstica que elas próprias desconheciam viver e sofrer foram o suficiente a causar a tragédia. Uma deixou grafada: “Reconheço não ter sido boa mãe e esposa. A vida perdeu o sentido…”

Fora de casa não é diferente, as mulheres também são vítimas das violências que redundam em depressão e ansiedade. Sair de casa e receber agressões por via de ‘cantadas’ é, muitas vezes, fazer com elas se sintam culpadas pela maneira que agem socialmente. Receber olhares e apertos desagradáveis em seus corpos por um simples cumprimento ou abraço, e as culpas de estarem sendo as causadoras desses horrendos assédios são reais.

Certa vez uma jovem narrou que recebia insinuações masculinas diuturnamente no trabalho, o que a fazia tentar subornar o próprio corpo para fugir do que era costumeiro. Não quero carona. Não me interessa a sua posse e o que tem. Nada fará com que seja comprada, pois quero apenas ter o direito de viver em paz.

A novel alteração no Código Penal Brasileiro ao incluir a violência psicológica contra as mulheres é um sinal do que as mulheres vinham passando. As normas surgem de situações vivenciadas, onde o sistema de justiça não tem possibilidade de agir onde existem lacunas. Se vivemos em um Estado Democrático e de Direito, através de normas deve ser possível tratar de determinadas situações sociais.

Os legisladores e legisladoras deixaram evidente que as mulheres podem ser vítimas dessa violência em qualquer lugar, pela condição de ‘ser mulher’.

Vanessa Loiola, psicóloga, afirma que comumente recebe em seu consultório mulheres passando por sofrimento decorrente de relacionamento íntimo e de afeto:  

"Nas relações, é possível notar a exteriorização dos processos psíquicos destrutivos. As mulheres podem assumir sua feminilidade e sua liberdade sexual, atentas para que, por meio disso, percebam quando estão sendo colocadas de maneira aprisionadora e abusiva nas relações. Se há um sentimento aprisionador na relação ou um sofrimento psíquico profundo, a ponto de não encontrar saídas que assegurem a continuidade da própria vida, é recomendável buscar ajuda psicológica e psiquiátrica           

Dos variados surtos a que o mundo se encontra adstrito, a violência contra as mulheres é uma daquelas em que as doenças podem ser silenciosas, tal como a depressão.

No ano de 2015 algumas mulheres narraram para as redes sociais as violências sexuais que sofreram. Ir e vir livremente não têm sido direitos de todas.

Elas ainda são aprisionadas e desacreditadas. As mulheres vítimas de violência precisam de amparo, proteção e credibilidade para saírem ilesas.