Troca de ministro não resolve crise no setor de combustível, diz diretor da ATC/MT

O diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC-MT), Miguel Mendes, disse hoje (11) que a mudança no comando do Ministério das Minas e Energia não vai diminuir a insatisfação e o risco de paralisação do setor de transportes no país. Para ele, a solução passa necessariamente pela revisão da política de Paridade de Preços Internacionais (PPI) – adotada em 2016 pelo presidente Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro (PL).
“A troca de ministro não resolve nada. A única coisa que pode resolver é o presidente Bolsonaro determinar o fim dessa PPI. Da mesma forma que o Temer teve o poder de criar, Bolsonaro também tem o poder de acabar com esse método que a Petrobrás usa hoje para reajustar o preço dos combustíveis”, defende.
Mendes disse que num primeiro momento a PPI não causou grandes impactos, mas a situação mudou com o cenário de instabilidade internacional decorrente da elevação do dólar, os impactos da pandemia e também da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Os fatores externos contribuem para elevar o preço do barril do petróleo e desvalorizar o real diante do dólar. Esses dois itens são os responsáveis pelos preços no Brasil estarem no valor que estão”, afirma.
O executivo da ATC/MT também condenou a tentativa de comparação da situação no Brasil com a de outros países. Ele lembrou que na Europa e nos Estados Unidos a dependência do transporte rodoviário é menor e os profissionais e empresas têm ainda a proteção de economias estabilizadas, com moedas fortes.
"Naqueles países os preços também estão elevados, mas eles recebem em euros ou dólar. É importante lembrar que aqui a situação não afeta só o setor do transporte, atinge todo o povo brasileiro. Somos um país rodoviário. Isso significa dizer que praticamente 100% de tudo que é transportado no país é sobre caminhões. Em algum momento da cadeia o caminhão estará ali para prestar o serviço, seja no transporte da matéria prima ou do produto acabado. Está tudo interligado", alertou.
Eduardo Ramos – Da Redação