O senador por Mato Grosso, José Medeiros (PPS), foi o dono de um dos 59 votos favoráveis, dados no Senado Federal, em votação aberta, na noite de ontem (25), que definiram a manutenção da ordem de prisão, expedida pelo Supremo Tribunal Federal – STF, no mesmo dia, contra o senador Delcídio do Amaral (PT/MS). Com apenas 13 parlamentares a favor da revogação da medida e uma abstenção, o petista não poderá gozar de sua imunidade parlamentar e só será solto quando o STF entender que ele não mais oferece riscos as investigações da Operação Lava à Jato – que trata sobre crimes na Petrobrás.
Medeiros avaliou que apesar da “mancha” na história do Senado em ter um de seus parlamentares preso, em meio a um mandato, a conduta de respeitar a decisão do STF acabou por engrandecer a Casa de Leis a que integra. “Foi um dia penoso, certamente. Mas penso que depois que tudo que ocorreu, os senadores mostraram que respeitam a autonomia e a fortificação das instituições, ressaltando, sobretudo, que estão atentos ao movimento popular que repudia veementemente qualquer sinalização de impunidade contra crimes deste tipo. O Senado sai engrandecido pelo posicionamento quanto ao caso Delcídio, já o PT novamente mostrou sua cara”, criticou o mato-grossense.
Para Medeiros, o Partido dos Trabalhadores não teve nenhum pudor em tentar se esquivar de mais um escândalo, na estratégia recorrente de tentar individualizar o desgaste apenas sobre o envolvido. “O PT, mais uma vez, tenta se descolar da enorme crise política a que está inteiramente entrelaçado, demonizando os seus. Literalmente soltaram o Delcídio na ladeira, isentando totalmente a sigla de responsabilidade. A nota que a direção nacional do partido lançou na imprensa foi qualquer coisa de lamentável, já que até mesmo em organizações criminosas é sabido que há solidariedade entre os membros. Nesta ótica, os petistas conseguiram ser ainda mais crueis”, alfinetou.
Líder pelo PPS, no Senado Federal, Medeiros foi um dos primeiros a protocolar na Casa o pedido de questão de ordem para que a votação sobre o caso Delcídio fosse aberta, ou seja, que fossem conhecidos os votos individuais de cada parlamentar. A iniciativa acabou ganhando o reforço de vários partidos da oposição e culminou com decisão favorável dada já próximo as 22 horas. Logo em seguida, os parlamentares decidiram, em ampla maioria, pelo seguimento da reclusão do petista. “A oposição foi responsável”, resumiu o parlamentar.
Delcídio e Cerveró
Em uma gravação de 1 hora e 35 minutos, Delcídio caiu nas mãos da justiça oferecendo R$ 50 mil de salário para que o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, já condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, na estatal, não acertasse com a justiça o acordo de delação premiada, que poderia o incriminar. O petista ainda teria sinalizado uma rota de fuga para Cerveró. Desde 1985, é a primeira vez que o STF decide mandar prender um senador em exercício.