Após denúncia de interferência STF deve assumir investigação sobre corrupção no MEC

A Justiça Federal em Brasília enviou hoje (24) a investigação sobre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ao STF (Supremo Tribunal Federal). O envio foi motivado pelo fato de que alguém com foro privilegiado poderia estar interferindo na apuração. O MPF (Ministério Público Federal) afirmou haver suspeitas de que seria o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na decisão assinada pelo juiz Renato Borelli, há a transcrição de conversas de Ribeiro obtidas por interceptação telefônica. Nelas, é possível observar que Ribeiro sabia do andamento da apuração, provavelmente informado por outra pessoa.
"Tudo caminhando, tudo caminhando. Agora tem que aguardar. Alguns assuntos estão sendo resolvidos pela misericórdia divina: o negócio da arma, resolveu. Aquela mentira que eles falavam que os ônibus estavam superfaturados no FNDE, também. Agora vai faltar o assunto dos pastores, né? Uma coisa que eu tenho receio um pouco é de o processo fazer aquele negócio de busca e apreensão, entendeu?", disse Milton em um telefonema.
O juiz pede que o caso seja remetido à ministra Cármen Lúcia, do STF, para que ela decida se a investigação permanecerá na Justiça de Brasília ou se será desmembrada. "Como se trata de procedimento em fase de levantamento de informações na investigação, a manutenção do sigilo ainda é salutar para o andamento das investigações", diz Borelli no documento.
INTERFERÊNCIA
Ontem, o delegado da Polícia Federal Bruno Calandrini, responsável pelo pedido de prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, afirmou em mensagem enviada a colegas que houve "interferência" na condução do caso e disse não ter "autonomia investigativa" no inquérito.
Após a divulgação, a PF informou que instaurou um procedimento apuratório para verificar a "eventual ocorrência de interferência". A colegas da corporação, Calandrini relata que Milton Ribeiro, detido na quarta-feira em Santos e levado para a superintendência da PF em São Paulo, foi tratado com "honrarias não existentes na lei".
O delegado reclamou a colegas da decisão da PF de não levar Ribeiro à Brasília.
"O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP é demonstração de interferência na condução da investigação, por isso, afirmo não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional", disse.
Milton Ribeiro foi preso na última quarta-feira (22), por suspeita de participar de esquema de corrupção na liberação de verbas do Ministério da Educação.
Da Redação (com informaçõe do UOL)