O titular da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel), Allan Kardec, e o titular da Secretaria Adjunta de Esporte e Lazer (Sael), Jefferson Neves, em reunião conjunta, no dia 02 de maio, com o presidente do Cuiabá Arsenal, Denevaldo Barbosa Jr, autorizaram jogos pelo Brasileiro de Futebol Americano na Arena Pantanal, mas a palavra dada não durou duas estações e, em cima da hora, retiraram a permissão e o time não tem mais onde jogar.
O ‘abacaxi’ foi assim: em março, após receber da organização do Brasileiro as datas de seus respectivos jogos na competição, o Cuiabá Arsenal protocolou um pedido junto a Secel-MT para fazer uma série de jogos na Arena Pantanal e, só após quase dois meses, em reunião com os secretários, a Secel-MT disse que não atenderia àquelas datas solicitadas, mas daria outras datas que, segundo os secretários, encaixariam melhor na agenda da Arena Pantanal.
O Cuiabá Arsenal aceitou de imediato as tais datas propostas pelos secretários e todos retornaram aos seus afazeres com o assunto concluído. Dessa forma, o Arsenal repassou as novas datas para a organização do Brasileiro de FA, que não viu problemas na alteração do calendário e o assunto se pacificou. Então a equipe avançou para a organização do primeiro jogo da série de jogos na Arena Pantanal, que seria agora em 28 de julho, às 14h, contra o Rondonópolis Hawks.
Porém, poucos dias atrás, neste mês de julho, em vésperas do primeiro jogo, a Secel informou que a permissão foi retirada e que o Arsenal não jogaria mais na Arena e, ainda pior, que também precisaria refazer o ofício que solicitava as demais datas da série de jogos, agora querem vários ofícios, um ofício para cada data. O pedido inicial, feito em março, solicitava três datas para jogos na Arena pela 1ª fase do Brasileiro e, caso tivesse boa campanha, mais três na 2ª fase.
Tal cenário deixou indignada e desamparada toda a diretoria e roll de atletas da Associação Atlética Cuiabá Arsenal (AACA), que haviam acreditado na palavra firmada e nos discursos de apoio dos secretários, Allan Kardec e Jefferson Neves, e no compromisso firmado com a agenda do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano 2019 (Série A). E, sem chão, sem lugar para mandar os jogos, o clube busca um estádio para jogar e não levar derrota sumária (W.O.).
“Sempre acreditamos que o governo deveria facilitar a vida do cidadão e não lhe gerar dificuldades, mas parece que não ligam para nós e nosso trabalho. Nos enrolaram por quase dois meses para darem a resposta e agora tomam nova decisão contrária a primeira, sem nos chamar para conversar e nas vésperas de um jogo muito importante. Se não tivermos onde jogar, a competição nos dará uma derrota sumária por W.O.”, conta preocupado o presidente, Denevaldo.
De acordo com a associação, a Secel disse que retirou a autorização por conta da recuperação do gramado da Arena Pantanal, mas a justificativa gerou dúvidas e questionamentos. Como, por exemplo, a recuperação foi planejada? Se foi, já sabiam antes de autorizar os jogos? Não foi planejada? Falta gestão competente na Arena Pantanal? E por qual motivo continuam havendo vários jogos de futebol nesse período de recuperação de gramado? Por qual motivo o futebol pode e o FA não pode? A Arena tem recebido jogos da 2ª divisão do mato-grossense e não pode da 1ª divisão do brasileiro de FA? A Arena Multiuso Pantanal é só para os amigos do Rei?
Campeonato Brasileiro
O Campeonato Brasileiro de Futebol Americano (série A), de nome oficial Liga BFA – Elite, conta com a participação de 33 times que representam 15 unidades federativas, teve início no mês passado e terminará com a final (Brasil Bowl) no mês de dezembro. E o Cuiabá Arsenal fará seis partidas na primeira fase, sendo três com mando de campo, e poderá, caso vença os adversários, jogar outras três partidas na segunda fase da competição.
O calendário da 1ª fase na Arena seria: Cuiabá Arsenal x Rondonópolis Hawks (28/07 – Arena Pantanal); Cuiabá Arsenal x Sinop Coyotes (em 11/08 – Arena Pantanal); e Cuiabá Arsenal x Sorriso Hornets (20/10 – Arena Pantanal). Porém, devido o bloqueio ao acesso ao estádio, o jogo do dia 28 está sem local definido e o jogo com Coyotes foi transferido para Sinop (480km da Capital de MT).
Utilidade Pública
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), na primeira quinzena deste mês de julho, sancionou a Lei n°10.921/2019, de autoria do deputado, Max Russi (PSB), que declara a Associação Atlética Cuiabá Arsenal (AACA) como uma entidade de utilidade pública em nível estadual, por conta dos inúmeros trabalhos sociais prestados pela associação ao longo de sua história de 13 anos.
Desde 2016, o Cuiabá Arsenal já era uma entidade de utilidade pública no âmbito do poder público municipal, pois havia sido aprovada, em 16 de março de 2016, a Lei n° 6.049/2016, de autoria do vereador, Juca do Guaraná Filho, e sancionada pelo prefeito da época, Mauro Mendes. E também pelos serviços sociais prestado à sociedade cuiabana e mato-grossense.
O Associação Atlética Cuiabá Arsenal (AACA) realiza campanhas sociais, como, por exemplo, de doação de sangue, de conscientização de doenças e prevenção de acidentes de trânsito, fornece bolsas de estudos para atletas, faz visitações em casas de apoio, ingressos sociais, arrecadação de alimentos para serem doados para instituições filantrópicas e continua na luta de implantar e manter escolinhas de futebol americano e flagboll para jovens em vulnerabilidade social.
“Somos um time de futebol americano de pessoas que fazem das tripas coração para conciliar a vida profissional com a vida de atleta e impactar positivamente jovens e adultos. Quando fundamos o Arsenal em 2006, não imaginávamos que se tornaria algo que pudesse impactar tantas pessoas. E acreditamos que a lei de utilidade pública poderia nos ajudar a ter apoio do poder público e da iniciativa privada”, comentou um dos atletas pioneiro e policial civil, Raulin Leal.
O Cuiabá Arsenal calcula ter impactado mais de 6.500 pessoas até o ano passado e tem a expectativa de dobrar esse quantitativo nos próximos anos. Em especial se conseguir recursos para implantar e, dessa vez, conseguir manter escolinhas de acesso gratuito para crianças e adolescentes em bairros carentes de Cuiabá e Várzea Grande. A principal dificuldade é obter recursos para comprar equipamentos esportivos e custear profissionais de educação física.
Por Junior Martins da ClippingCom