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domingo, novembro 24, 2024

Rosimeire Prado Aguiar de Lima – Do sonho de infância, ser doutora à sua grande atuação e paixão como Interprete de Libras em Rondonópolis

Natural da cidade de Rondonópolis, determinada e persistente ela vem conquistando cada vez mais o seu espaço de trabalho na sociedade rondonopolitana e mato-grossense. Vamos conhecer um pouco mais sobre o dia a dia, da Rosimeire Prado Aguiar diante das suas lutas e suas conquistas que a conduziu aos degraus mais elevados no importante segmento da inclusão social.
Jornal Folha Regional: Como foram os seus tempos de infância em Rondonópolis?
Rosimeire: A minha infância foi alegre, agradável nós somos em 4 irmãos: Ivanilson, Nilson, eu Rosimeire e Maria Niuza. O meu pai Nilson Nogueira Aquino era lavrador de profissão, minha mãe cuidava de todos nós sempre com muito afeto e muito carinho. Apesar das dificuldades causadas pela falta de dinheiro, a nossa família nunca desanimou, e sempre tivemos bons momentos de entretenimento, estudo e alegria sempre incentivados pelos nossos pais.
JFR: Qual era o seu maior sonho de infância?
Rosimeire: O meu maior sonho de criança era ser doutora, mas hoje não me sinto frustrada estou no ramo, no caminho que me leva ao encontro do outro, no cuidado com as pessoas, no apoio ao ser humano, ou seja a acessibilidade. Hoje faço graduação em Libras Ensino dos Surdo é a minha maior alegria e realização, agradeço a Deus por ter me colocado nesse caminho
JFR: Como você teve acesso a Língua Brasileira de Sinais, como foi esse acontecimento?
Rosemeire: A minha aproximação para o posterior conhecimento da Linguagem dos Surdos aconteceu num momento muito difícil da minha vida, eu estava desempregada, numa situação de estrema dificuldade. Naquele momento eu sai em busca de algo mais, foi quando eu cheguei em uma igreja, e lá eu encontrei uma irmã e contei sobre o que estava se passando comigo e disse que eu precisa também estudar. Ela então me falou da Escola CIE onde naquele período acontecia um curso muito especial, “era o Curso de Libras Ensino dos Surdos. Mas o curso era pago e eu não tinha dinheiro, naquele momento senti uma certa resistência por parte do instrutor que me jogou “um balde de agua fria” disse que eu não poderia iniciar o curso, fiquei muito triste e comecei então a chorar. Disse a ele que eu só precisava aprender, e que ele me desse uma oportunidade. A partir daquela minha emoção frustrante ele resolveu de imediato a situação, me autorizou a participar do referido curso.
JFR: Como você se sente trabalhando com a acessibilidade Linguagem de Libras?
Rosemeire: Eu posso dizer que trabalhar com acessibilidade é ter mais vida, é uma forma de estar mais próximo das pessoas e se voltar para elas estendendo nossa mão com muito amor, é uma bela troca de energia uma troca de relacionamento.
JFR: Como foi o seu período inicial até ganhar mais confiança e experiência na profissão?
Rosimeire: Atuei em várias regiões do Estado de Mato Grosso, trabalhei por um período na rede pública educacional em Rondonópolis. Eu e o meu marido Genival trabalhamos durante 8 anos na Câmara Municipal como interprete de Libras. Ficamos ausentes por algum tempo, mas agora retornamos com a nossa atuação no Legislativo rondonopolitano há dois anos. Aproveitando esse espaço importante que o Jornal Folha Regional nos concede, agradecemos a mesa diretora e todos os excelentíssimos vereadores pela confiança em nosso trabalho.
JFR: Como se desenvolve a atividade profissional de Libras e quais as opções que a pessoa interessada deve fazer?
Rosimeire: As pessoas que pretendem se formar em Libras podem optar pelos cursos de graduação nos formatos de bacharelado ou licenciatura. No bacharelado, a graduação de Libras e Linguagem de Sinais forma profissionais que trabalham como tradutores e intérpretes dessa língua. Já o profissional que opta pela licenciatura em Libras e Linguagem de Sinais trabalha como professor.
JFR: Você trabalha com os surdos, mas há na cidade também casos de uma pessoa ser surda e muda ao mesmo tempo?
Rosimeire: Em Rondonópolis só há dois casos de pessoas surdas – mudas, mas em nossa cidade temos um considerável número de pessoas surdas, cerca de 7 mil cidadãos entre homens, mulheres e crianças. As causas dessa disfunção auditiva são várias, inclusive pode ocorrer de uma queda ou mal estar das mães enquanto grávidas, algum choque emocional, ou de alguma condição excepcional fato que pode ocorrer durante o parto. Existe ainda a surdez hereditária que afeta 4 em cada mil crianças no Brasil.
JFR: Desde já agradecemos a sua preciosa atenção e participação nesta coluna, e dizer que para nós foi mais um aprendizado e uma honra ter você nas páginas do Jornal Folha Regional. Finalizando: a quem você gostaria de agradecer pelos apoios recebidos durante a sua trajetória de vida, e o que a família representa para a educadora Rosemeire?
Rosemeire: Eu agradeço a Deus de ter me colocado neste caminho da acessibilidade voltada para a inclusão social, agradeço ao meu primeiro instrutor de Libras, o professor Anderson Simão, a minha família, ao meu esposo Genival Pio de Lima com quem sou casada há 30 anos, que também é interprete de Libras, temos uma filha Flávia Franciele Aguiar de Lima, que também é interprete de Libras e dois netos. A família representa o nosso sentido maior de vida, nos dá uma grande energia e entusiasmo para que sigamos em frente com coragem e determinação na concretização dos nossos objetivos. Finalizo que a inclusão social nos dias de hoje tem um amplo espaço de trabalho, com muitas oportunidades de atuação na área. O setor tem uma grande necessidade de participação do ser humano, digo que a sociedade vive hoje um maravilhoso momento de amor e inclusão social.

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