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quinta-feira, outubro 10, 2024

Rosângela Calegnan – Da Faculdade de Turismo ao Sebo Literário

Natural da cidade de São Carlos interior do Estado de São Paulo, seus pais Luis Calegnan e Olivia tiveram 12 filhos. A família grande com muitos filhos, naquela época era uma antiga tradição e apesar das grandes dificuldades enfrentadas sempre mantiveram os filhos unidos, no bom exemplo do trabalho e da honestidade. Com o falecimento do seu pai precocemente, todos os encargos para criar os filhos passaram a ser de sua mãe Olivia, que ela ressalta ter sido uma grande mulher.

Jornal Folha Regional: Partindo do princípio pela sobrevivência quais foram os caminhos que a família escolheu?
Rosângela: Na vida há muitas coisas imprescindíveis, dentre elas a união entre os irmãos, fato em que nós nos ajudávamos uns aos outros, eu via na minha mãe uma grande força positiva que sempre nos incentivava. Os meus irmãos mais velhos eram muito dedicados, e nunca deixaram de nos apoiar. Na nossa infância humilde aprendemos a viver em coletividade e longe de egoísmos pessoais, me lembro que aos 12 anos de idade nós já tínhamos a nossa carteira de trabalho.

JFR: Na infância você já alimentava algum sonho no segmento da cultura literária?

Rosângela: Na minha infância eu não tinha nenhum projeto futuro, ou um sonho que eu pudesse um dia realizar. Na minha adolescência eu comecei a ler muito e lia de tudo que estivesse ao meu alcance. O meu irmão mais velho trabalhava em uma fábrica de papel, e um número incontável de livros e cadernos eram arrecadados especialmente para a reciclagem, aqueles títulos que me interessavam eu aproveitava para ler. E assim fui tomando gosto pela leitura.

JFR: Na adolescência você continuou batalhando para ajudar a família, como foi esse período?

Rosângela: Eu me casei cedo com apenas 16 anos de idade, fui trabalhar no comércio de Limeira, conclui o ensino médio parei de estudar, tive minha filha Liliana, que hoje reside em Limeira, voltei aos estudos depois de alguns ano conclui o curso de Turismo.

JFR: Quais os motivos de sua mudança para a terra de Rondon?
Rosângela: Corria o ano de 2.008 e a minha filha Liliana estava morando em Rondonópolis já há algum tempo. Resolvi vender meus imóveis em São Paulo, e tive a necessidade pessoal de vir para cá definitivamente. Eu não estava me sentindo bem em Limeira, cheguei aqui decidida a começar a minha vida do marco zero.

JFR: Como surgiu a idéia da criação do Sebo Literário?

Rosângela: Foi um momento muito difícil na minha vida, comecei a procurar algo de caráter comercial para fazer, já que eu havia trabalhado no comércio em Limeira. Encontrei um espaço no camelô de madeira sobre esquina da Marechal Rondon, nas proximidades da loja Gamela, e comecei vendendo produtos importados do Paraguai, lá eu permaneci até 2011. Nesse período a minha filha precisou retornar para Limeira e eu fiquei desenvolvendo o meu trabalho aqui. Mas vender importados do Paraguai não era a minha meta não me sentia bem trabalhando nesse ramo, foi então que os livros foram acontecendo em minha vida. Como eu já tinha uma certa quantidade de livros, para a minha sorte começaram a chegar pessoas que deixavam os seus livros usados e trocavam pelos meus que ainda não tinham lido. Desta forma surgiu o Sebo em minha vida. Posteriormente eu mudei para a D. Wunibaldo já com um grande volume de títulos, onde fiquei até 2016, posteriormente em 2017 mudei para a Av. Amazonas 616 em frente a Escola EMOP onde permaneço nos dias de hoje.

JFR: E a questão da sua formação em turismo, você não se sente frustrada por não estar atuando na área?

Rosângela: Eu me sinto muito feliz com o Sebo, nesse segmento eu passei a conhecer muita gente, alunos das universidades públicas e particulares, professores das escolas públicas e particulares. Principalmente os estudantes do EMOP que aqui vem constantemente para fazer suas pesquisas sobre vários temas. A questão do turismo foi superada, nunca trabalhei na área, foquei a minha atenção no trabalho que mais amo, e que é de grande utilidade para toda a sociedade rondonopolitana.

JFR: Para encerrarmos esta entrevista, queremos agradecer pela sua gentil atenção e desprendimento para com a nossa reportagem, e ao mesmo tempo perguntar: Quantos títulos fazem parte do seu acervo nos dias de hoje, e qual é a sua proposta cultural do Sebo diante da sociedade rondonopoiltana?

Rosângela: Hoje nós temos um acervo muito grande, cerca de 20 mil itens entre CDS, DVDS, Fitas Cassete, Vinis, Revistas e muitos Livros. A nossa proposta de trabalho, a nossa filosofia é pela “Democratização da Leitura”, quem não tem condições de comprar um livro recorre aos nossos serviços e é prontamente atendido. Um detalhe que eu gostaria de expressar, é que muita gente diz que não gosta de ler porque nunca leu um livro, e se elas não lêem não é por falta de interesse entendo que seja por falta de tempo. Muito obrigada pelo espaço.

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