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domingo, novembro 24, 2024

Rosa Bororo, um símbolo da mulher matogrossense

A data se perde no tempo. Provavelmente no final do sec. XIXA partir Fe Cuiabá as expedições se embrenhavam na mata à caça de indígenas, para os escravizar Em uma dessas diligências uma menina foi aprisionada e trazida para a cidade. Por sorte caiu em mãos de uma família que a tratou com dignidade. Batizada por um missionário salesiano, recebeu o nome de Rosa. No seio daquela família que lhe proporcionara carinho a menina atingiu a idade adulta.
Embora afeiçoada àqueles que a acolheram, não esquecia suas origens. A perseguição aos silvícolas continuava, conduzida por gananciosos que os dizimavam para tomar-lhes a terra, com o beneplácito dos poderes constituídos. E não foram poucas as lágrimas que sulcavam o rosto de Rosa, ao ver as expedições que partiam rumo aos territórios do seu povo, consciente de que muitos seriam os que tombariam varados pelas balas e baionetas dos soldados integrantes daquelas expedições.
Criada pelo Presidente da Província, uma força militar sob o comando de um tenente por nome Duarte, empenhava-se na perseguição aos Bororos em particular que habitavam ás margens dos rios S. Lourenço e Ponguba (hoje “Vermelho”) e adjacências. Em um dos confrontos Duarte foi atingido por uma certeira flexa que lhe atravessou o corpo, sem o matar. Diante do fato os indígenas passaram a acreditar que ele era protegido pelo “Deus do mal” e assim fugiam apavorados diante das investidas comandadas pelo tenente.
Consciente de que a violência contra os índios gerava a recíproca o presidente houve por bem tentar a aproximação por meios pacíficos. Rosa entra então em cena ao procurar Duarte e insistentemente rogar-lhe que a levasse na próxima expedição, prometendo-lhe que traria até ele toda a gente da sua aldeia. Embora relutante,, o tenente concordou em levá-la.
Após alguns longos dias de caminhada, em uma manhã, as margens do rio S. Lourenço, Rosa pediu-lhe que ali permanecesse com a sua tropa e que, por motivo algum, usassem as armas.
Despindo-se por completo, como medida de precaução contra um eventual ataque indígena, Rosa atravessou o rio e embrenhou-se pelo mato. Passava o tempo e nada acontecia, aumentando a preocupação do tenente., receoso de cair em uma cilada. Confiava, no entanto, na palavra da índia. Tres dias após – o tempo por ela estipulado – eis que surge na margem oposta um grande número de silvícolas todos empunhando suas armas. Enquanto os soldados tomavam posição para um iminente combate, Duarte percebeu Rosa que, à frente dos seus, fazia-lhe sinais.
Juntamente com ela, veio ao seu encontro o cacique da tribo que lhe estendeu a mão, em um gesto de amizade, presenteando-o com um arco coberto de variegadas penas, símbolo da paz.
Rosa vestiu-se e, radiante, festejava o fim do conflito entre “irmãos” pois que brancos e índios eram filhos de uma mesma mãe pátria chamada Brasil, embora, disso ela, provavelmente, não tivesse consciência.
Duarte, em pouco tempo, granjeou a estima e a confiança do povo Bororo e a partir daí, oficialmente pelo menos, estava selada a tão almejada convivência pacífica com a qual Rosa sempre sonhara.
(in: “Revista Brasileira” T.2, página 193/ maio de 1995, por Doutora Maria do Carmo de Melo Rego)
Transcrito da Revista Memória Histórica e Genealógica de Rondonópolis.

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