POLÍTICA

Rombo na Câmara pode superar R$ 7,5 mi, diz Polícia

A Delegacia de Polícia Fazendária trabalha com a possibilidade de que os valores supostamente desviados pelo ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, Lutero Ponce (PMDB), superem os R$ 7,5 milhões divulgados pelos delegados que investigam o caso, em coletiva de Imprensa, no último dia 29.

As informações são da delegada Lusia de Fátima Machado, em entrevista ao MidiaNews, nesta sexta-feira (10). A quebra de sigilo bancário do vereador, solicitada pela Polícia após indiciá-lo na quinta-feira (9) e novos depoimentos de pessoas envolvidas no esquema, segundo ela, podem contribuir para a alteração desses valores.

Lusia Machado informou que, ao contrário do que a própria Polícia Civil previra, inquérito contra Lutero não será concluído nesta sexta-feira, uma vez que a cada dia surgem fatos novos, em função da análise dos documentos apreendidos no Legislativo Municipal, no início das investigações, no mês de maio.

A delegada informou que em virtude dos novos elementos, mais pessoas deverão ser interrogadas. "A cada documento que analisamos, surgem outras coisas. Precisamos ouvir os envolvidos e confirmar se é verídico ou não determinado fato. Essas pessoas, em sua maioria, vêm colaborando com as investigações. Estamos terminando de analisar os documentos e voltaremos a falar sobre o assunto, na próxima terça-feira (13)", disse ela.

Após ser concluído, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público Estadual, que deverá oferecer denúncia contra Lutero.

Depoimento vazio

Principal acusado do esquema que realizava licitações fraudulentas, atuando como o ordenador de despesas da Câmara, Lutero prestou depoimento na última quinta-feira (9). O parlamentar foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha ou bando, falsidade ideológica, falsidade de documento particular e público, peculato e fraude à licitação. Além disso, foi solicitada a quebra de seu sigilo bancário.

Lusia Machado disse ao MidiaNews que o depoimento de Lutero não contribuiu em nada para as investigações, uma vez que o parlamentar afirmou não saber de nada e que confiava em todos os servidores que trabalharam em sua gestão. Além disso, ela destacou que, no depoimento, o vereador voltou a colocar em dúvida os trabalhos realizados pela Delegacia Fazendária.

Entenda o caso

O inquérito policial contra Lutero foi instaurado após denúncia de desvio de mais de R$ 3 milhões, apontado por uma auditoria independente, contratada pelo atual presidente do Legislativo, vereador Deucimar Silva (PP). Logo depois, a Delegacia Fazendária realizou um trabalho de busca e apreensão junto a Câmara, levando vários documentos, entre contratos, notas de empenhos, recibos e licitações.

No último dia 29 de junho, a polícia revelou detalhes de como a quadrilha agia. Servidores e ex-servidores montavam processos falsos para vencer licitações. Além disso, era realizado um ajuste de conduta, onde os empresários eram obrigados a devolver 90% do valor a Câmara e somente 10% eram entregues em materiais.

Na operação que ficou conhecida como "Operação Crepúsculo" foram expedidos 11 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão. Deste total, apenas duas prisões foram cumpridas, mas os detentos foram liberados por contribuir com as investigações.

Lutero também teve prisão decretada, mas teve o pedido de hábeas corpus acatado pelo Tribunal de Justiça. Estão envolvidos no esquema, Hélio Hudson de Oliveira Ramos, Marcos Davi de Andrade, Ulysses Reiners Carvalho, Luiz Enrique Silva Camargo, Hiram Monteiro da Silva Filho. Além disso, os donos das empresas: Almeida Andrade & Cia Ltda; N.A. dos Santos; M. Padilha; Jones Teixeira.

A operação foi coordenada pelos delegadas Lusia de Fátima Machado, Maria Alice Barros de Amorim, e pelos delegados Wylton Massao Ohara, Rogério Atílio Modelli e Lindomar Aparecido Tófolli. Mìdia News

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo