Violência contra crianças: como detectar e o que fazer para denunciar;

O que leva um adulto a agredir uma criança? A pergunta que parece tão descabida pode ter várias respostas. Nenhuma que acalme a dor trazida pelo assunto. O assassinato do menino de 4 anos Henry Borel, no dia 8 de março, é mais um alerta sobre um tema que precisa ser conhecido, debatido e denunciado: a violência contra crianças. Os agressores, nesse e em outros tantos casos, são pessoas da família. Adultos em quem a criança deveria confiar e receber amor, atenção, educação. Jamais violência. Como saber que uma criança está passando por uma situação de violência física, psíquica? O que fazer para ajudar?
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) explica que xingar, humilhar e praticar castigos físicos, como bater, são formas de violência. E orienta ter em mãos os canais de denúncia para qualquer situação de violência contra crianças e adolescentes (veja no final do texto). “Se você testemunhar, souber ou suspeitar de alguma criança ou adolescente vítima de negligência, violência, exploração ou abuso, Disque 100. Para violências contra mulheres e meninas, Disque 180. As ligações são gratuitas e você não precisa se identificar.”
O Unicef avalia que o Conselho Tutelar do bairro pode ser o canal mais rápido para proteger crianças e adolescentes. “Caso algum canal não funcione, procure a rede de assistência social do seu município, eles poderão fazer a ponte com os serviços disponíveis.”
Como ajudar
Drauzio Varella explica que é muito importante acreditar no que a criança ou adolescente diz em seu relato. “Muitos adultos costumam duvidar da história, achando que é fantasia ou mentira. O comportamento dificulta a investigação, pois faz com que a vítima não se sinta segura para falar novamente sobre a violência sofrida.”
A acolhida da criança em caso de violência dentro de casa é essencial. É preciso, segundo os especialistas, se aproximar, compartilhar brincadeiras, tentar conversar. Se houver desconforto da criança, deve-se respeitar o tempo dela. Quando a criança escolhe não falar, a recomendação é o encaminhamento para profissional especializado em escuta acolhedora, como psicólogos, professores, pedagogos, assistentes sociais e profissionais da rede de saúde como um todo.
Se for confirmada a violência, é importante afastar a criança de seu agressor e tentar mantê-la acompanhada por alguém com quem se sinta protegida. Deixar a criança sozinha em um quarto, a portas fechadas, pode fazer com que ela se sinta acuada.
Órgãos responsáveis por receber denúncias de violência contra crianças e adolescentes e saiba como denunciar
- Conselho Tutelar – Para casos de violência física ou sexual, inclusive por familiares, casos de ameaça ou humilhação por agentes públicos, casos de atendimento médico negado, é necessário chamar o Conselho Tutelar. Verifique o contato do Conselho Tutelar da sua cidade, mas atenção: o atendimento pode ter sido alterado na pandemia.
- Disque 100 – Vítimas ou testemunhas de violações de direitos de crianças e adolescentes, como violência física ou sexual, podem denunciar anonimamente pelo Disque 100.
- Disque 180 – Em casos de violência contra mulheres e meninas, seja violência psicológica, física, sexual causada por pais, irmãos, filhos ou qualquer pessoa. O serviço é gratuito e anônimo.
- Polícias – Quando estiver presenciando algum ato de violência, acione a Polícia Militar por meio do número 190. Também é possível acionar as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher e as de Proteção à Criança e ao Adolescente da sua cidade.
- Safernet Brasil – A rede recebe denúncias de cyberbullying e crimes realizados em ambiente online. Para denunciar, acesse https://new.safernet.org.br/
Órgãos que também trabalham com apoio a crianças, adolescentes e familiares
- Centro de Valorização da Vida – O CVV trabalha com apoio emocional e prevenção do suicídio, e atende qualquer pessoa que precise conversar, anonimamente. Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br
- Defensoria Pública – A defensoria defende pessoas que não podem pagar por um advogado particular. Também atua quando um grupo de pessoas tem um direito violado, como falta de acesso a saúde. Procure os contatos no site da Defensoria de seu Estado.
- Ministério Público – O Ministério Público fiscaliza órgãos e agentes públicos. Vítimas de irregularidades policiais, falta de atendimento no Conselho Tutelar ou outros órgãos, acione o MP. Encontre os contatos no site do MP de seu Estado.
- Ouvidorias – Cada órgão tem uma ouvidoria própria para receber sugestões, elogios e reclamações que não foram resolvidas de outra forma. Caso tenha um problema com algum órgão, busque o contato da ouvidoria do mesmo.
- Creas – O Centro de Referência Especializada em Assistência Social é responsável por atender crianças, adolescentes e famílias em situação de risco, seja por violência, trabalho infantil, cumprimento de medidas socioeducativas ou violações de direito. Cada município possui diversos Creas, encontre o mais perto de sua casa e entre em contato.
Fonte RBA