A desvalorização de 15% no preço da soja este mês, em relação a janeiro, tem graves reflexos para o produtor, que já contabiliza rentabilidade quase nula na lavoura.
Com o preço médio comercializado a R$ 30,70 na última semana, a saca está sendo vendida 28% mais barata que há um ano, quando preço médio era R$ 43. Até o momento, 395 mil hectares já foram colhidos no Estado e a produtividade caiu cerca de 10% por hectare.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Gláuber Silveira, além do problema da desvalorização, o custo com o frete está descapitalizando o produtor.
“Enquanto Mato Grosso não resolver seus problemas de logística vamos continuar reféns do frete. Hoje, cerca de 50% do custo está somente no frete. Se produzimos 50 sacas por hectare, 25 são só para pagar o frete”, afirma Silveira.
No Estado, cerca de 50% da soja produzida na safra 2009/2010 foi comercializada um ano atrás com melhores preços. Em Campo Verde, onde o preço médio atual é de R$ 28, um dos mais baixos de Mato Grosso, 60% da produção foi vendida há um ano por R$ 31.
Uma solução seria segurar a soja para esperar uma possível valorização, porém Gláuber Silveira diz que esta é uma decisão incerta e que o produtor precisa de dinheiro em caixa para a colheita.
O produtor não tem como segurar o produto, ele precisa do dinheiro e não se pode contar com uma melhoria que não sabemos se vai acontecer. A questão do câmbio é muito incerta e o produtor pode acumular mais prejuízos caso suas expectativas não se concretizem”.
O presidente do Sindicato Rural de Campo Verde, Jader Bergamasco, disse que o clima tem prejudicado muito a produtividade da região, que já colheu 70% da área plantada.
Sobre o comprometimento da próxima safra em virtude dos baixos preços e da queda de produtividade, Silveira afirma que isso é provável, mas que mais uma vez o produtor vai depender da concessão de crédito.
“Vamos trabalhar para conseguir mais financiamentos oficiais. Os créditos concedidos pelas tradings são o que garantem nossa produção, mas com juros na margem de 11% a 13% e em dólar”, desabafa Silveira.
O volume exportado em dezembro passado foi de 183 mil toneladas, 51% a menos que em dezembro de 2008, quando cerca de 381 mil toneladas foram embarcadas.
Fonte: APROSOJA (Folha do Estado/Luiz Carlos Marques)