Análise do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), instituição de combate à lavagem de dinheiro, concluiu que a movimentação bancária do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, é “incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente”.
Segundo o relatório, pedido pela Polícia Federal (PF), Cid movimentou R$ 3,2 milhões de junho do ano passado a janeiro de 2023. Cerca de R$ 1,8 milhão diz respeito a créditos, e R$ 1,4 milhão são referentes a débitos.
“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro”, diz o relatório do Coaf.
Remuneração boa, mas insuficiente
Como militar da ativa, ele recebe remuneração de R$ 26.239,00 por mês. Para depositar R$ 1,8 milhão em 8 meses, Cid precisaria receber mensalmente R$ 225 mil. Cid está preso desde o dia 3 de maio no Batalhão do Exército de Brasília, em uma cela 20 metros quadrados.
Ele foi detido e começou a ser oficialmente investigado pela PF por participar de esquema de supostas fraudes no cartão de vacinação e manter diálogos golpistas. Próximo da família Bolsonaro, Cid é filho do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, que cursou a Academia Militar das Agulhas Negras com Jair Bolsonaro, na década de 1970. O ex-ajudante de ordens também é formado na Aman, em 2000.
Remessas de dinheiro para o exterior
Segundo o Coaf, houve remessas de dinheiro para o exterior. Em um período em que Mauro Cid acompanhou Bolsonaro fora do Brasil (janeiro), foram registradas transferências que somam R$ 367 mil a uma conta nos Estados Unidos. Segundo sua defesa, as movimentações financeiras são todas lícitas.
Segundo o jornal O Globo, o advogado Bernardo Fenelon, que defende Mauro Cid, diz que “todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”.
Em 11 de julho, Mauro Cid compareceu à CPMI do 8 de Janeiro fardado e sob forte escolta da Polícia do Exército. Ele é investigado em oito inquéritos, incluindo o que investiga sua possível participação no estímulo a atos golpistas e a invasão de prédios públicos em Brasília em 8 de janeiro. Ele permaneceu em silêncio durante toda a oitiva.
Fonte: RBA- Rede Brasil Atual