Relatório aponta qualidade da água do Rio Vermelho como uma das piores da bacia do Pantanal

Um relatório realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e divulgado recentemente, apontou que nos últimos três anos a qualidade da água de 11 rios da bacia hidrográfica do Paraguai piorou. De 37 trechos estudados, o documento mostra, que em 2012, vinte trechos apresentaram a qualidade da água regular, 14 foram classificados como água boa e três pontos foram considerados ruins, sendo dois deles no rio Vermelho, no município de Rondonópolis e um no distrito de Jarudore, em Poxoréu. Nos anos subsequentes, 2013 e 2014, o afluente mais famoso do estado, seguiu sendo exemplo negativo no estado.
Ao todo, nove amostragens foram coletadas nos referidos trechos das sub-bacias dos rios Paraguai, Cuiabá e São Lourenço, em 23 municípios e dois distritos, de 2012 a 2014. O estudo levou em consideração 28 parâmetros físicos, químicos e microbiológicos avaliando a quantidade de escherichia coli (coliformes fecais), a coloração da água, a turbidez, a quantia de fósforo total, o oxigênio dissolvido entre outros.
Em 2013, o número de trechos com água boa caiu para 6, enquanto o número de pontos com a qualidade de água regular subiu para 28. Nesse período, passou a ser considerada ruim a água do rio Cuiabá que passa na Praia do Poço, em Santo Antônio de Leverger, e mais dois trechos do rio Coxipó, situados sob a ponte da Avenida Fernando Corrêa e na Avenida das Torres, ambos em Cuiabá.
Já em 2014, o cenário encontrado foi outro. Nenhuma das 37 estações avaliadas apresentou boa qualidade da água. O número de trechos com a qualidade da água regular aumentou para 34. E por dois anos consecutivos segue com a qualidade de água ruim um trecho do rio Coxipó que passa na ponte da Avenida das Torres em Cuiabá e volta para a mesma posição que esteve em 2012, um trecho do rio Vermelho, em Rondonópolis ao lado do trecho do rio Jorigue, em Pedra Preta. A qualidade da água é avaliada a cada quatro meses pelo laboratório da coordenadoria de Monitoramento da Qualidade Ambiental da Sema, mas o relatório da análise é divulgado a cada três anos.
Falta de saneamento
De acordo com o coordenador do setor, Sérgio Batista de Figueiredo, os dados são preocupantes. Para ele, a má qualidade da água é um reflexo da falta de saneamento básico nos municípios, atrelado ao desmatamento das Áreas de Preservação Permanente (APP). “A maioria dos pontos classificados como regular ou ruim foram detectados em corpos hídricos que atravessam áreas urbanas e muitos desses municípios não possuem saneamento básico, o que contribui para a poluição das águas. Outro ponto é o desmatamento das margens dos rios. Ao desmatar as APPs o rio fica propício para receber todo resíduo trazido pela chuva”.
Sérgio destaca que o relatório é uma importante fonte de informação tanto para a sociedade, que precisa entender que algumas de suas ações, como jogar lixo nas ruas, contribuem para a poluição dos rios, como para o Estado que poderá tomar decisões para a melhoria dos recursos hídricos. “São necessárias iniciativas para reverter esse quadro, porque ele tende a piorar conforme cresce a população, fato que não é acompanhado, na maioria das vezes, por ações de saneamento”.
Foto: ALERTA MT