As recentes restrições para financiar imóveis anunciadas pelos principais bancos públicos brasileiros — Caixa Econômica Federal e oBanco do Brasil, que aumentaram juros e diminuíram o teto para financiamento — devem adiar o sonho da casa própria dos brasileiros.
Por outro lado, os preços dos aluguéis estão mais modestos que há um ano e devem continuar nesse ritmo, segundo especialistas do mercado imobiliário ouvidos pelo R7. De modo geral, os preços ainda não recuaram, mas já é possível fechar contratos por valores bem menores.
O diretor de Locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Mark Turnbull, diz que esse comportamento do mercado acompanhou o valor das vendas, que também caíram.
— Muitos proprietários já vêm alugando por menos e a tendência é essa. Nós temos uma pesquisa que mostra que a variação do percentual médio do aluguel vem caindo paulatinamente há cerca de um ano, de 9% até 1,7%, agora em março.
Dono de um apartamento na região do Morumbi, em São Paulo, o comissário de bordo Tiago Cruz percebeu o cenário desfavorável para os proprietários.
— O inquilino anterior pagava R$ 2.200, incluindo condomínio e IPTU. Quando ele saiu, fiquei com o apartamento vazio por três meses. Baixei para R$ 2.000, mas só consegui fechar por R$ 1.850. Se não tivesse baixado, não teria alugado.
O presidente do Corecon-ES (Conselho Regional de Economia do Espírito Santo), Eduardo Reis Araújo, diz que, além dos financiamentos difíceis, a situação econômica do País deixa os brasileiros mais receosos. A tendência é que, por enquanto, boa parte da população evite assumir dívidas.
— As pessoas vão preferir ficar no aluguel neste momento de incerteza. E não é uma decisão eterna. Mas não acredito que isso acelere o mercado de locação. Quem já está vivendo de aluguel continua. Não muda muito.
No Rio de Janeiro, o presidente do Secovi, Pedro Wähmann, aposta em um “impacto positivo no mercado de aluguéis”.
— A velocidade de locação caiu, assim como a velocidade de vendas, em relação ao que era um ano atrás. O inquilino vai negociar mais e o proprietário não vai querer ficar com o imóvel fechado pagando IPTU e condomínio. Aí, acaba baixando o preço. É reflexo de um cenário econômico como este, de expectativa pelo que vai ser feito pelo governo.
Turnbull acrescenta que o momento é bom para aqueles inquilinos que precisam renegociar os contratos.
— Os proprietários de imóveis residenciais, dependendo muito do imóvel, estão mais flexíveis do que há um ou dois anos.
Hermes Alcântara, presidente do Creci-DF (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Distrito Federal), diz que os valores dos aluguéis desaceleraram acompanhando as vendas. Segundo ele, porém, após as restrições dos bancos, deve aumentar o número de inquilinos e consequentemente os preços.
— Agora, nós vamos ter uma demanda por locação, mais renovações, algo que aumenta a demanda no mercado de locação. Isso mexe nos preços, mas não em termos significativos.