Sessão da Câmara de Rondonópolis teve embate entre aliados de Lula e Bolsonaro

O debate sobre a sucessão presidencial esquentou o clima na sessão ordinária realizada ontem (26) pela Câmara Municipal. Vários vereadores usaram a tribuna para falar sobre o segundo turno e defender o apoio aos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Houve discursos acalorados, acusações e também apelos ao bom senso – dos eleitores e dos próprios vereadores.
Único vereador do Partido dos Trabalhadores na Câmara, o advogado Júnior Mendonça afirmou que estão em jogo dois projetos distintos.
“De um lado tem o projeto da vida, do amor e da paz que é encabeçado pelo presidente Lula e busca a reconstrução do país. Queremos cuidar das pessoas, acolhendo, por exemplo, as mais de 700 mil famílias enlutadas pela Covid. Do outro lado está o projeto da morte, liderado pelo atual presidente. O projeto deles é fundamentado no autoritarismo, na falta de respeito às mulheres, à saúde e à vida”, afirmou.
Júnior Mendonça também comentou as pressões feitas por extremistas de direita que levaram ao cancelamento do contrato de locação para um ato que seria realizado pelos aliados de Lula no salão paroquial da Vila Operária.
“Nesta quinta-feira comemoramos os 77 anos do presidente Lula e queríamos celebrar a data em um lugar histórico, que é o salão paroquial da Igreja São José Operário – local em que sempre houve a compaixão, o amor ao próximo e aos ensinamentos de Jesus Cristo. Mas uma meia dúzia de extremistas, de radicais, pressionou a Igreja Católica para que mudássemos o evento. Repudiamos essa pressão, mas não desistimos da luta. Convidamos todos a comemorarem conosco, nesta quinta-feira, no Centro de Evento tulipas e, no domingo, votar no projeto do amor – Lula-13”, concluiu.
MENTIRAS
Os vereadores bolsonaristas também aproveitaram a sessão para defender a reeleição do presidente e acusaram os opositores de espalhar mentiras. Alikson Batista Reis (DC), que está exercendo o cargo temporariamente, comentou também o episódio do salão paroquial e admitiu que procurou o bispo Dom Maurício Jardim e o pároco da Vila Operária, Volnei Luiz Weber para pedir o cancelamento da locação.
“Fiz apenas uma mediação. O salão é alugado para vários eventos, no entanto por estar celebrando o aniversário do presidente, ou melhor, do ex-presidente, muitas pessoas entraram em contato comigo para que eu interviesse. Igreja não é palanque político, merece respeito. Vereadores estão utilizando essa casa de lei, essa tribuna, para falar mentiras”, afirmou.
O vereador Roni Cardoso, que presidia a sessão, saiu em defesa dos colegas. “O discurso do senhor foi até bonito, mas não entendi o senhor subir na tribuna e dizer que os vereadores estão mentindo aqui. Acho que isso é uma falta de respeito com esta Casa”.
Odair Moura, que era filiado ao PSL e também exerce o cargo interinamente, foi outro vereador que saiu em defesa de Bolsonaro. Ele negou que a omissão do atual presidente tenha sido responsável pelas quase 700 mil mortes por Covid-19 no Brasil.
“Ele (Bolsonaro) não deixou fechar o comércio. Se o nosso país não viveu uma crise econômica maior foi pela atuação dele, do contrário teria mais gente passando fome. E vou além, nunca houve tanto recurso público à disposição dos estados e municípios, como agora. Não podemos atribuir ao presidente a responsabilidade pelas mortes” reclamou.
Moura também destacou o cenário econômico, afirmando que o país vive uma situação positiva. “Quando se fala temos de apresentar números. Hoje estamos no terceiro mês com deflação”, disse ele. Na verdade tivemos apenas dois meses de inflação em baixa, já que a prévia divulgada pelo IBGE mostra que o índice subiu 0,16% em outubro. No ano, o indicador acumula alta de 4,80% e de 6,85% nos últimos 12 meses.
Já o vereador subtenente Guinâncio (PSDB), que também é bolsonarista assumido, adotou uma postura mais ponderada.
“Em política temos de ter lado, mas isso não significa ter inimigos. Ter um lado significa ter entendimento daquilo que acreditamos ser o melhor”, disse ele ao reafirmar o apoio à reeleição do atual presidente.
Eduardo Ramos – da Redação