Quem disse que campo não é lugar de mulher? De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Fran6 em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), divulgada no Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio 2016, sobre o perfil da mulher do campo, das 300 entrevistadas, 57% participam ativamente dos negócios rurais. Dois terços são casadas e têm filhos, 88% se consideram independentes financeiramente, 60% têm curso superior completo e 55% acessam a internet diariamente.
Para um setor em que cada vez mais elas estão assumindo a liderança, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT) formatou o programa “Mulheres Empreendedoras Rurais”, que iniciou em setembro de 2016 e já teve nove turmas realizadas até agora, com a participação de cerca de 140 mulheres.
Para 2017, até o mês de abril, já estão previstas nove turmas nos municípios de Confresa, Tabaporã, Nova Mutum, Santa Terezinha, Araputanga, Campo Novo do Parecis, Sorriso e Colíder. A primeira inicia neste mês, em Colíder.
A ideia do programa surgiu após a instituição de ensino perceber o crescimento na participação das mulheres nos programas Academia de Liderança e Sucessão Familiar. Tem crescido também a participação delas na liderança dos Sindicatos Rurais de Mato Grosso. Dos 90 sindicatos do Estado, atualmente cinco são presididos por mulheres e, nas últimas gestões, mais três ocuparam essa função.
“É crescente o número delas ocupando posições de liderança no agronegócio. Entre 2011 e 2014, cresceu 20% o número de mulheres que participaram da Academia de Liderança e, entre 2012 e 2015, subiu 109% a participação no Sucessão Familiar”, destaca o superintendente do SENAR-MT, Otávio Celidonio.
A instrutora credenciada ao SENAR-MT e que atua no programa, Camila Rossi, aponta que o Mulheres Empreendedoras Rurais é bem completo, com cinco módulos de oito horas cada, totalizando 40 horas: empreendedorismo e diagnóstico da propriedade; gestão financeira; planejamento do negócio e legislação, liderança, além de uma avaliação de perfil comportamental. “O programa dá esse empoderamento às mulheres e permite que elas descubram qual o seu perfil e em que se encaixam”, acrescenta.
Outra instrutora credenciada junto ao SENAR-MT e que também atua no programa, Andrea Chaves, lembra que o Mulheres Empreendedoras Rurais é interessante porque é um crescente na vida profissional e pessoal das mulheres. “O mais interessante é que o empoderamento não fica restrito apenas ao profissional, você passa a ser, a se conhecer, saber o que está fazendo e onde quer chegar”.
Em Porto Alegre do Norte, o SENAR-MT, em parceria com o Sindicato Rural, realizou três turmas do programa no ano passado. O resultado foi tão positivo que as participantes se reuniram no final do ano para realizar uma ação social. Arrecadaram roupas e calçados e fizeram um bazar na cidade. Toda a renda foi revertida em cestas básicas doadas para famílias carentes do município.
“Ter participado do programa me transformou. Eu era tímida, tinha medo de investir em mim. Hoje, já enxergo novos horizontes, novas possibilidades e também resolvi investir em algo para mim”, conta Lucimeire Gomes de Matos, de 41 anos, que além de auxiliar o esposo na produção de soja é consultora de produtos de beleza.
Já a comerciante Rosimeire Afonso da Silva, de 41 anos, resolveu participar do programa para levar seu conhecimento a mulheres de comunidades rurais do município. “Faço um trabalho na igreja em comunidades de agricultura familiar e agora estou levando tudo o que aprendi para elas. Além disso, o programa me ajudou a ter novas ideias para o meu negócio de fabricação de uniformes”.
Para participar – O programa é destinado a mulheres acima de 16 anos, com escolaridade mínima de 5° ano do ensino fundamental. São até 20 vagas por turma. Para participar, basta procurar o Sindicato Rural do município para saber se há turmas e vagas abertas.