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Rondonópolis
sexta-feira, novembro 22, 2024

Professora Benildes Costa – Do sonho de infância, ser professora ao apoio voluntário aos mais necessitados

Natural de Tabóca do Brejo cidade que fica no agreste baiano, dona de uma trajetória de vida que nos trás muita riqueza e uma reflexão sobre os verdadeiros valores da vida. Uma das pioneiras na educação de muitos rondonopolitanos que hoje são lideranças, médicos advogados, comerciantes, professores e muita gente bem sucedida. Conta ela que naquele tempo era difícil encontrar um livro ou caderno aprendeu escrever com sua mãe Antônia rabiscando o chão, escrevendo na própria areia.
Jornal Folha Regional: Seus pais Guilherme Alves de Araujo e Antônia Antunes ambos baianos, vieram para Mato Grosso ao encontro de uma vida melhor, como foi essa viagem?
Benildes: Nós viemos da Bahia para Mato Groso a cavalo, a viagem levou 40 dias eu estava com apenas 2 meses de idade, vim no colo de minha mãe. Minha mãe contava que primeiramente nos permanecemos em Goiás e lá ficamos durante 4 anos. Posteriormente viemos definitivamente para Mato Grosso, o motivo para essa escolha de meu pai em vir para a terra de Rondon, é que o meu avô já morava aqui.
JFR: Em que período vocês chegaram a Mato Grosso e em qual localidade da nossa região vocês se instalaram primeiramente?
Benildes: Nós chegamos no final da década de 1950 mais precisamente em 1959 fomos para Poxoréo na Fazenda Velha, onde o meu pai começou a plantar arroz, feijão, milho, mandioca. Parte da produção era vendida, parte era para o consumo e uma pequena parte era doada.
JFR: Naquele tempo as famílias eram numerosas ou seja tinham muitos filhos, como foi a sua infância?
Benildes: Os meus pais tiveram 10 filhos começando por mim Benildes, Adeli, Aleir, Adair, Ailton, Belarmita, Maria Auxiliadora, Eleni Aparecida, Bernadete e Maria do Socorro. A exemplo do meu avô Conrado e minha avó Ana Eliza que tiveram 20 filhos e depois adotaram mais 10 todos registrados e tratados como filhos legítimos. Na minha infância eu vi muito trabalho por parte dos meus pais, uma luta pela nossa sobrevivência a vocação deles sempre foi para o meio rural e tiveram de certa forma o apoio dos meus irmãos. Foi um período muito bom cresci ao lado dos meus irmãos.
JFR: Quais as lembranças que você tem de Rondonópolis na década de 1960?
Benildes: O centro de Rondonópolis era um matagal, por todos os lugares que nós íamos pisávamos em brejo, o Jardim Urupês onde eu morava era conhecido como sapolândia, o coachar dos sapos incomodava até na hora de dormir.
JFR: Qual era o seu sonho de infância?
Benildes: Aos 7 anos de idade eu já escrevia e queria ser professora, naquela época uma folha de papel, um caderno ou um livro era muito difícil de serem encontrados. Eu aprendi com minha mãe a escrever na areia, nós éramos muito humildes, mas tínhamos uma grande fartura em nossa casa. O meu avô vendo aquela minha determinação conseguiu arranjar uma vaga para que eu estudasse no Colégio Coração de Jesus em Cuiabá, era o Colégio das Irmãs Salesianas. E lá eu estudei durante 10 anos, quando eu entrei eu tinha 8 anos de idade, foi onde eu aprendi muitas coisas dentre elas conquistar as pessoas através da amizade da simpatia. Aos poucos fui conquistando o meu espaço e adquirindo auto confiança.
JFR: No colégio das irmãs além de estudar quais eram as suas funções?
Benildes: Eu fazia de tudo com a grande vontade de acertar sempre e dar o melhor de mim naquilo que eu estava fazendo. Lavava chiqueiro de porcos, cuidava dos cães foi sem dúvida um grande aprendizado para a minha vida, aprendi a ser humilde e a dar valor nas pequenas coisas que conquistamos. Aprendi também que nem tudo na vida é realmente como a gente quer, e que na vida o dinheiro não é tudo.
JFR: Quando você se viu professora, qual foi a sua reação?
Benildes: Em 1971 eu comecei a lecionar, tudo foi tão de repente e inesperado foi realmente uma grata surpresa. Comecei minha carreira de professora no próprio colégio em que eu estudava iniciei dando aulas para os alunos da pré-escola, a partir daí não parei mais até aposentar.
JFR: Vamos conhecer um pouco mais da sua trajetória no setor educacional, fale sobre os “altos e baixos” diante da sua profissão:
Benildes: A minha preocupação sempre foi fazer tudo bem feito e dar o melhor de mim naquilo que eu estava fazendo. Trabalhei durante 27 anos na Escola Pindorama, na Escola Santo Antônio onde nós ajudamos a construir a quadra de esporte da escola. Eu sempre insisti que lugar de professor é dentro da sala de aula, o bom professor não precisa de luxo para ensinar, ele dá uma maravilhosa aula até em baixo de uma árvore. Nem tudo é mar de rosas em qualquer profissão e assim é também na educação, eu sempre tive muita paciência e as minhas colegas me encaminhavam os alunos que sempre davam problemas na escola e quase ninguém queria ficar com eles. Pois bem eles vinham até a mim e dentro de pouco tempo já estavam com resultados positivos, ou seja superando as dificuldades anteriores. Eu sempre tive comigo uma frase muito boa: “A educação é a arte de ensinar.”
JFR: Nós agradecemos a sua gentil atenção para com a nossa reportagem e como última reflexão de sua parte, eu pergunto: A quem você gostaria de agradecer?
Benildes: Quero agradecer os meus filhos que representam tudo na minha vida Douglas de Araújo Costa e Cristiane de Araújo Costa ambos militares. Agradeço aminha querida amiga costureira Nilva Grelhmann. Aos amigos que se unem a mim no trabalho voluntário Dr. José Valter, Dr. Abílio, Dr. Manoel. Dr. Cléo, Dr. Fernando Trenório, Dra. Maria Celeste. o Secretário Umberto de Campos e o Wilian motorista.

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