Devido a pandemia provocada pelo novo Coronavírus o ensino escolar em todo o país está suspenso desde o mês de março. Em Mato Grosso, as aulas nas escolas estaduais retornaram no último dia 03, de maneira remota, no formato online e off-line. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), os professores e alunos estão utilizando a plataforma Microsoft Teams e o aplicativo WhatsApp para a interação digital, e o uso de apostilas impressas para o aproveitamento fora do ambiente virtual.
O vereador Professor Silvio Negri (PSD), presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Rondonópolis, alerta sobre a importância de investimentos na estrutura das escolas públicas, além de promover a autonomia docente com a intenção de facilitar o processo de ensino-aprendizagem nesse período, adequando o método conforme a realidade dos alunos.
“É preciso um esforço para que os conteúdos e o debate alcancem os alunos mais carentes, adaptando o método à cada realidade”, aponta.
O pedagogo Welber Vaz trabalha com alunos do 4° ano em uma escola da periferia de Rondonópolis. Segundo o professor, a maioria dos alunos não tem em casa acesso à internet e/ou computador e, na grande maioria, só há um celular, que pertence aos pais, para manter contato com o professor. “Minha experiência com as aulas remotas ainda não aconteceu efetivamente, já que nossos alunos não conseguem acessar a plataforma disponibilizada pela SEDUC. Nós professores passamos por formação para usar a plataforma, porém nossas crianças não estão recebendo o suporte necessário, somente as orientações dos professores que auxiliam no cadastro e acesso ao meio. O fato de não terem aparelhos e internet, considero que as aulas remotas estão causando uma drástica exclusão das classes menos favorecidas”, explica.
Lucas Codorniz é professor de Artes e trabalha com 20 turmas de ensino médio que possuem, em média, 30 alunos cada. O docente está recebendo formação para utilizar a nova plataforma no mês de setembro. “A grande crítica é que nas formações, numa lógica ultraliberal, o curso não responde as indagações dos professores sobre as exclusões provocadas pelo ensino remoto. Dessa forma, vejo que a formação atua hoje como braço direito de um estado conservador que retira direitos cada vez mais da classe trabalhadora”, informa Lucas.
Outra reivindicação do professor de Artes é que, ao contrário da proposta do governo, nem todos os alunos estão recebendo o material de aula. “O acesso não está chegando para todo mundo. Os alunos não estão recebendo o material das escolas, sendo falsa a informação de que o governo vai disponibilizar para todos”, denuncia.
Sobre a exclusão de grupos de alunos nesse período de pandemia, Silvio Negri aponta que a extrema desigualdade social restringe o acesso de muitos estudantes a equipamentos e mídias digitais, prejudicando o rendimento escolar e, consequentemente, o aprendizado. “É evidente a necessidade de políticas públicas que contemplem o amplo investimento em educação. Proporcionando para o professor capacitação e melhores condições de trabalho e para as famílias, promovendo inclusão digital, pois assim como a energia elétrica a internet veio para transformar a vida das pessoas”, finaliza Negri.
Rondonópolis conta, atualmente, com 33 escolas administradas pelo Estado, sendo 04 delas com ensino integral (plena). Essa modalidade foi instituída em 24 de outubro de 2017, por meio da Lei nº 10.622.
Assessoria