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sábado, novembro 30, 2024

Professor da UFMT de Rondonópolis lança livro sobre Trânsitos Religiosos

Nos dias 8, 9 e 10 de abril foi lançado em São Paulo o livro Trânsitos Religiosos, Mídia e Cultura: a expansão neo pentecostal, do professor Adilson Jose Francisco, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis. A obra é parte da pesquisa desenvolvida pelo autor em sua tese de doutoramento defendida na PUC de São Paulo e de pesquisas recentes sobre a diversificação religiosa e a meteórica expansão das igrejas neo pentecostais em Mato Grosso.
Apoiada em metodologias recentes desenvolvidas pela Sociologia, História e Antropologia, o autor entrevistou mais de uma centena de fieis, ex-fieis e lideres de diversas religiões. Além do ineditismo do tema para a região, a pesquisa, apresentada agora em forma de livro, desvela as motivações para as novas adesões religiosas que, de acordo com o autor, “se estão ligadas as estratégias midiáticas e políticas utilizadas pelas diversas igrejas, não podem ser reduzidas apenas a estas”.
Os depoimentos colhidos e as frequências aos templos revelam uma ampla etnografia das adesões. Para o autor, “as carências humanas materiais, psíquicas e afetivas encontram guarida na pregação e nos rituais neo pentecostais. A proximidade dos templos e a simplicidade na comunicação aliada a uma fina sintonia com as necessidades dos fieis, tornam a pregação neo pentecostal mais atraente, se comparadas com as religiões cristãs mais tradicionais”.
Os dados dos últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam o vertiginoso crescimento dos evangélicos. Mas não foram os evangélicos indistintamente que cresceram, adverte o autor, mas os pentecostais e os neo
pentecostais. Eles eram 6% em 1991, hoje somam 18,3%, o equivalente a mais 25 milhões de brasileiros.
A evasão dos católicos é um os fatores deste crescimento, mas o censo de 2010 revela ínfimo crescimento das evangélicas tradicionais e das pessoas que se declararam sem religião e por outro lado um acentuado crescimento de evangélicos não determinados. Para o pesquisador, isto indica um aumento da concorrência religiosa interna e uma característica da pós-modernidade religiosa: “cada vez mais é possível crer, sem pertencer, ou experimentar. A diversidade da oferta torna os vínculos mais fluidos”.
A obra trata desta diversidade religiosa na região sul de Mato Grosso. Analisa a criação das diversas igrejas que se instalaram em Rondonópolis, a partir da década de 90, focando em dois tipos de igreja: uma transnacional – a Igreja Universal do Reino de Deus, e outra fundada na cidade – a igreja Sal da Terra. Apoiada em farta documentação e entrevistas o autor descortina os modos de uso da mídia televisiva, a ocupação da cena política e as disputas religiosas que este processo tem trazido. Para o autor “a sintonia deste novo pentecostalismo com alguns aspectos das tradições religiosas populares e a lógica de mercado contemporânea, faz com que ele não só se diferencie do protestantismo clássico, mas pense o céu e as graças da salvação para o aqui e o agora”. Estes princípios da pregação neo pentecostal aliados a rituais de cura e libertação tem extrapolado as liturgias neo pentecostais. “Há uma gradual pentecostalização de grupos protestantes e católicos e crescido a intolerância religiosa frente as religiões de matriz afro-brasileiras”, adverte o autor.
Ganhador de edital da Fapemat, o livro foi co editado pelas editoras Paulus de São Paulo e EDUFMAT da Universidade Federal de Mato Grosso. O lançamento aconteceu no dia 8 de abril na PUC –SP e nos dias 9 e 10 de abril o autor fez palestras seguidas do lançamento na Faculdade Paulus de Comunicação, no Centro Universitário Salesiano de São Paulo e no Instituto São Paulo de Estudos Superiores. Em Rondonópolis o lançamento será no dia 23 de abril, no anfiteatro da UFMT.
O autor
Adilson Jose Francisco é doutor em História pela PUC-SP, possui mestrado em Educação e graduado em Filosofia e Teologia. É autor do livro Educação e Modernidade: os salesianos em Mato Grosso e de diversos artigos sobre religiosidades e culturas contemporâneas. É editor da Revista Coletâneas do Nosso Tempo e coordenador do grupo de Pesquisa Hisocult/Cnpq, além de responder pela seção de Cultura da UFMT/Rondonópolis.

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