Representantes do setor agrícola de Mato Grosso criaram o Comitê da Crise Rural com o objetivo de tratar a questão das renegociações das dívidas com imposições junto ao governo federal e em outras instâncias, de maneira mais incisiva. A decisão foi tomada no sábado (15), após assembléia de produtores e dirigentes de entidades rurais, realizada no Sindicato Rural de Rondonópolis.
O comitê se reúne novamente hoje, na sede da Famato, em Cuiabá, para implementar as ações deliberadas no encontro de sábado.
A falta de peso político do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na tomada de decisões para a solução dos problemas já incomoda o setor e foi um dos assuntos da pauta da assembléia. O ministro Reinhold Stephanes se mostra sensível à questão, mas não tem conseguido convencer o Ministério da Fazenda e a Casa Civil sobre a profundidade da crise.
A assembléia apontou a necessidade de envidar esforços, por meio da bancada federal mato-grossense e governo do estado, para o fortalecimento da pasta agrícola, com a substituição do ministro se necessária.
Para agilizar as demandas junto à União, o deputado federal Wellington Fagundes, presente na reunião, propôs uma aproximação urgente com o presidente do Banco Central, Francisco Meireles, e o deputado federal, Antonio Palocci (ex-ministro da Fazenda), que detém um considerável peso político junto à área econômica do governo.
O presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis e diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Ricardo Tomczyk, defende ainda a continuidade de negociações com o governo federal auxiliado pelo governo do estado. O governo é parte integrante do problema e deverá ter um peso específico na solução.
As apreensões de máquinas e equipamentos já estão acontecendo no estado porque cerca de 70% dos produtores não conseguiram pagar os 40% do valor das parcelas dos empréstimos de investimentos que vencem este ano. O prazo para o pagamento terminou no dia 15 de outubro e os bancos estão conseguindo, via Justiça, mandados para sequestro dos bens. Precisamos de uma solução urgente para o impasse criado pelos bancos justamente nessa época em que ocorre o plantio, seguido pela colheita, sob pena de o estado de Mato Grosso pagar o preço da desaceleração no seu desenvolvimento, em razão da dependência econômica dos resultados da produção agropecuária, pontua o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.
Alertamos o governo sobre as graves conseqüências e nada foi feito para neutralizar os efeitos dos mandados de busca e apreensão das máquinas e equipamentos, completa o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.
A expectativa é que na próxima terça-feira (18.11), o Conselho Monetário Nacional (CMN) decida pela manutenção das operações de investimentos vencidas em posição de adimplência até o final de dezembro deste ano. Nesse meio tempo, o setor espera que o governo federal encontre uma fórmula para a prorrogação do pagamento das parcelas para 2009.
Da assessoria