Militante comunitária há mais de 10 anos e atual presidente do Jardim
Rivera e Santa Bárbara, Nilza Maria Nunes Sirqueira assumiu o comando da
União Rondonopolitana e Associação de Moradores de Bairro – Uramb, uma
das organizações mais influentes do movimento comunitário local, no
último dia 15 de março. Em entrevista especial ao jornal Folha Regional,
na última semana, ela comenta que como um dos maiores projetos que tem
para os quatro anos que estará a frente da agremiação está o de
aproximar a classe política das assembleias e reuniões do grupo. A ideia
é embasar popularmente as tomadas de decisões de prefeitos, vereadores,
senadores, deputados e até governador.
Primeira mulher da história a assumir a Uramb, onde hoje congregam e
são participantes 95 bairros, por meio de seus respectivos presidentes,
Nilza comenta que não a põe medo o fato de ser liderança em um ambiente
plenamente masculino. “O que mais me dá preocupação é a responsabilidade
e o tamanho da importância deste cargo. O fato de ser mulher para mim é
indiferente. Não temo os desafios e não temo os problemas, porque sei
que terei uma nova diretoria, composta por 80 membros, que está com
muita vontade de trabalhar e de fazer com que haja a tão sonhada
valorização por parte do Poder Público ao nosso trabalho”, expõe.
Moradora de Rondonópolis há 26 anos, tendo vindo de Barra do Garças, e
aos 50 anos de idade, ela comenta que consegue elencar as principais
dificuldades de cada uma das regiões abrangidas pela Uramb. No entanto,
explica que não tomará nenhuma decisão sozinha. “Toda decisão nossa será
por meio de assembleia. É claro que dentre 95 presidentes de bairros vão
haver opiniões diferentes, mas a vontade da maioria, como manda a
democracia, é o que será prevalecido e será a palavra final da Uramb”,
ressalta, detalhando que continuará ocorrendo as reuniões mensais do
grupo ao primeiro sábado de cada mês.
Sobre como fará para atrair os políticos para dentro das reuniões da
Uramb, Nilza acredita que a aproximação será natural, principalmente
porque está havendo da própria classe política a busca para que isso
ocorra. “Sofremos sim nos últimos tempos por sermos pouco ouvidos. Não
adianta o deputado ou o senador enviar emendas sem ouvir a nós, que
estamos na ponta, quais são as verdadeiras prioridades, ou então a
chance de errarem é muito grande. Nós estamos de portas abertas, sejam
do partido que forem, para debatermos. Este distanciamento entre o
movimento comunitário e a classe política só faz perder a própria
população, que é quem mais precisa”, avalia.
Quanto a bandeiras mais urgentes de cobrança, ela diz que a violência é
a maior preocupação. “Temos sérios problemas com infraestrutura,
principalmente nos bairros periféricos. Mas nada está tirando mais a
qualidade de vida de nossa população do que a insegurança”, estimou.
DA REDAÇÃO – HEVANDRO SOARES