Brasília – O desmatamento e a Floresta Amazônica têm uma grande visibilidade global que acaba pressionando, muitas vezes, o governo a dar uma atenção exagerada a essas temáticas em detrimento de outros assuntos importantes para a sustentabilidade do país, como o uso dos recursos hídricos.
A opinião é do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado, que apresentou hoje (14) na Exposição Internacional Água e Desenvolvimento Sustentável, na cidade espanhola de Zaragoza, as principais ações da Política Brasileira de Recursos Hídricos.
“A priorização da preservação amazônica é necessária, não há dúvidas sobre isso, mas também acho importante ter uma pauta mais diversificada, e a questão da água me parece que precisa ter uma proeminência maior na agenda nacional”, afirmou o diretor , em entrevista à Agência Brasil.
Para Machado, o país poderia obter ganhos substanciais se usasse estrategicamente a grande disponibilidade de água, com a gestão do recurso de forma sustentável.
“O Brasil tem de fazer uma gestão eficiente da água e com isso calcar o desenvolvimento em função da sua disponibilidade do recurso. Essa é uma vantagem comparativa que o Brasil tem e precisa ver isso como oportunidade”, defendeu.
O diretor apontou como exemplo o uso da irrigação. O Brasil usa atualmente apenas 10% da potencialidade dessa técnica. De acordo com Machado, a aplicação moderna e inteligente da prática irrigatória poderia aumentar a produção agrícola em várias regiões do país, pois permitiria a colheita de duas safras anuais, em vez de uma.
Ele destacou também que a Política Nacional de Irrigação já tramita no Congresso Nacional e há tecnologias e instituições de pesquisa suficientes para uma gestão eficiente das águas, mas o assunto precisa ser incluído em um planejamento estratégico do país.
Agencia Brasil