O Brasil deu um passo importante para reconhecer o papel das mulheres na inovação e no avanço do conhecimento. Em sua primeira edição, o Prêmio Mulheres e Ciência, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), celebrou cientistas que se destacaram em suas áreas de atuação.
Apesar de serem maioria na população brasileira, as mulheres ainda enfrentam desafios para ocupar espaços de liderança e alcançar reconhecimento nas ciências. Atualmente, elas representam quase 60% das bolsas de iniciação científica, mas esse número cai para 35% nas bolsas de produtividade, revelando as dificuldades enfrentadas ao longo da trajetória acadêmica e profissional.
“Nosso maior desafio é garantir a permanência das mulheres na ciência e sua ascensão. Muitas acabam deixando a carreira devido às responsabilidades com filhos e familiares. Por isso, já implementamos políticas públicas para apoiar essas cientistas”, explicou uma representante do MCTI. Entre as iniciativas, está a adaptação das regras de pontuação do CNPq para que o período de maternidade não prejudique a avaliação de jovens pesquisadoras.
Seis cientistas e três instituições de pesquisa foram premiadas. Entre as homenageadas está Maria Ângela Hungria, pesquisadora da Embrapa, que há mais de 40 anos se dedica ao estudo de bioinsumos e agricultura sustentável. Seu trabalho já resultou em avanços significativos na redução de gases de efeito estufa e no uso de fertilizantes biológicos, trazendo benefícios ambientais e econômicos.
“Só na última safra de soja, o uso de insumos biológicos gerou uma economia de US$ 15 bilhões ao Brasil, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos. Isso mostra o impacto da ciência na sustentabilidade e no crescimento do país”, afirmou Maria Ângela.
O prêmio, realizado em parceria com o Ministério das Mulheres e organismos internacionais, teve um investimento de R$ 5 milhões e recebeu mais de 3.400 inscrições. Além de reconhecer a trajetória de grandes pesquisadoras, a iniciativa busca inspirar novas gerações de meninas e mulheres a seguirem carreiras científicas.
“É fundamental que jovens cientistas se enxerguem nessas mulheres premiadas e sintam-se motivadas a continuar suas carreiras. Precisamos de mais mulheres na ciência, e esse reconhecimento é um estímulo para que isso aconteça”, destacou uma das organizadoras do prêmio.
Para Maria Ângela Hungria, a premiação representa não apenas um reconhecimento individual, mas um retorno à sociedade. “Minha trajetória foi construída com o apoio do CNPq e da Embrapa. Esse prêmio reforça a importância do investimento contínuo em ciência e tecnologia para o Brasil.”
Fonte: Da Redação