A empresa Cidade de Pedra, atual detentora da concessão do transporte coletivo de Rondonópolis, não vem agradando aos seus principais clientes – os moradores dos bairros que utilizam os seus serviços diariamente. Nos últimos dias, a reportagem do Folha Regional foi às ruas e ouviu os cidadãos nos pontos de ônibus centrais. As maiorias das críticas giram entorno da má educação de alguns motoristas, da falta de abrigo próximos as suas residências para o conforto na espera do transporte e os intervalos de tempo muito extensos entre a passagem de um ônibus a outro.
A moradora do Cidade de Deus I, a aposentada Diva Mota Sampaio, criticou o tratamento que é dado a ela e a todos os outros passageiros de sua linha. “É uma má vontade sem tamanho desse povo (funcionários da Cidade de Pedra). Eles não fazem questão nenhuma de facilitar nada pra gente. Nas ruas de terra onde poderiam parar mais perto da calçada, mesmo em dia de chuva, param longe parece que pra gente sujar o pé mesmo. Por causa do meu peso, eu não dou conta de subir pela porta da frente. Quando peço pra eles abrirem a de trás alguns chegam a negar fazer isso. Agora você vê olha: tem pelo menos 10 pessoas já de pé e ainda está entrando mais. É um absurdo”, falou, apontando o coletivo que ia para seu bairro e que havia acabado de chegar no ponto central, da Praça dos Carreiros.
Moradores do bairro Alfredo de Castro, o casal Nerivaldo Chagas e Luzia Vieira, endossaram a crítica feita por Diva, mas abordaram outros pontos específicos. Chagas lamentou a dificuldade de vir da região onde mora para trabalhar no centro da cidade. “Lá não falta gente querendo vir para o centro. Mas tem um ônibus que sai às 5 da manhã e outro só às 7. Daí o trabalhador que tem que entrar 7 e meia ou até 8 horas no serviço é obrigado a acordar quatro horas da manhã pra não chegar atrasado. Acho que dava pra melhorar isso aí. Outra coisa era botar aqueles abrigos pra gente esperar. Ou se não em um dia de chuva estamos perdidos”, testemunhou.
Já Luzia, não criticou os serviços do transporte coletivo, mas apontou outro desconforto que tem de conviver quem pega ônibus na cidade. “A falta e educação é sem igual. Quase todo dia, é besteira demais que a gente tem que ouvir vindo e indo de jovens e outras pessoas sem educação. Outra coisa que vejo é uma mãe que entra com filhos pequenos, as vezes quatro ou cinco, e eles tomam todos os bancos. São pequenos, dá pra sentar tudo juntinho. Não é justo por causa disso gente de idade ficar de pé”, argumentou.
Para Erilene Vilela, moradora do Jardim Adriana, Rondonópolis já comportava ônibus mais modernos, principalmente com uma condição de climatização melhor para os usuários. “Nossa cidade já está grande. Tem ônibus que você olha dentro e já está muito velho, acho que tinha que ter, por exemplo, ar-condicionado. Eu não ligaria de pagar mais um pouco por isso”, disse. Além de mais conforto, Vilela chamou atenção para outro risco diário que convive quem pega ônibus. “Acho que ninguém mais agüenta falar em assalto nos pontos. No meu bairro, até de criança os bandidos estão tomando dinheiro, isto é um absurdo. A polícia tinha que dar mais atenção a isso, os assaltantes sabem que sempre tem preza fácil esperando ônibus. É revoltante”, desabafou.
Resposta da Empresa
O gerente administrativo da empresa de transportes coletivo Cidade de Pedra, Paulo Sergio da Silva, respondeu a nossa reportagem todos os pontos abordados pela população. Sobre os abrigos, Paulo disse que não faz parte de sua responsabilidade e quem tem de construí-los é a Prefeitura. Já sobre o mal atendimento dos motoristas e outros funcionários de sua empresa e sobre a criação de novos horários e linhas diferenciadas, o gerente garantiu que onde há demanda real ele é o maior interessado em agregar mais viagens.
“Temos 74 carros e 30 mil passageiros diários que usam de nosso serviço. Todo mundo que passa na catraca, entra no meu sistema. Se eu notar, por exemplo, que passou 60 pessoas em uma determinada linha em dias contínuos, nós já destinamos um segundo carro para a região e abro uma nova linha. Este meu controle é diário, nós somos os maiores interessados que cada vez mais gente viagem conosco, no entanto, a realidade é inversa. Estamos perdendo passageiros e o custo de transporte é elevado. Eu tenho que justificar a presença de uma nova rota com usuários (…) Quanto a qualquer atitude de desrespeito por parte de nossos funcionários, eu não duvido que de fato elas ocorram. Acontece que eu tenho em minhas mãos 146 motoristas, onde de 90 por centro eu só recebo elogios. Mas qualquer caso grave, eu peço para que as pessoas nos passem o itinerário, o número do carro e se possível o nome do funcionário que tomaremos as medidas cabíveis. Nosso telefone é o 3902 1505”, falou Paulo.