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domingo, novembro 24, 2024

Política, ética e moralidade

Em pouco menos de dois meses prefeitos e vereadores estarão cumprindo o seu primeiro ano de mandato. Se fizermos um balanço político desse período, tomando por base o noticiário da mídia, poder-se-á afirmar que muito pouco tem sido feito, desde as maiores metrópoles, tais como S. Paulo. Rio. Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Manaus, Cuiabá, para se ter um quadro abrangente de todo o território nacional. Haja vista as greves, principalmente dos professores, que repercutiram por todo o país, atingindo até os menores municípios. Os movimentos de rua nos meses de junho e julho foram bem sintomáticos e seus reflexos ainda estão presentes em movimentos de protesto isolados que vêm sendo trazidos à baila quase diariamente pelos meios de comunicação.
No âmbito majoritário, em terceiro ano de mandato, deputados estaduais e federais, governadores, senadores e até a própria sra. presidente da república já trabalham com os olhos voltados para outubro de 2014. Os partidos políticos já alinhavam seus conchavos e alianças, caminhando na mesma direção.
No Congresso se discute uma "reforma política" que embora tenha se norteado por alguns pontos positivos, principalmente nos aspectos éticos, no entanto vem encontrando resistências que somente com muito empenho de uns poucos que primam pela seriedade e pela moralidade no campo político, poderá ir adiante. No entanto, não terá efeitos nas eleições de 2014. Um dos pontos mais debatidos tem sido o da reeleição.
A esse propósito lembro do senador Ney Maranhão que lá pelos anos 50/60 defendia a tese de que qualquer político, desde vereadores até o presidente da república deveriam ter um mandato de 4 anos com possibilidade de reeleição por mais um período e a partir daí tornar-se-ia inelegível por todo o sempre. Era uma proposta ousada que jamais chegou a ser levada à discussão. O fim da reeleição acabaria com a acomodação, acabaria com aqueles "políticos jurássicos" no mandato há mais de 30 anos e que já por natureza a até pela própria idade estão cansados e o que de útil à nação que poderiam dar, já o fizeram. Política de verdade implica renovação e novos ideais.
Quando estamos às vésperas de mais um ano eleitoral, oportuno nos parece, pois, que, desde já seja levantada a bandeira da ética e da moralidade que costuma ser "decantada em prosa e verso" na época de campanha. Mas esses conceitos que devem alicerçar toda a base da estrutura política, não raro, são esquecidos por aqueles em cujas mãos o eleitor deposita o destino político de sua comunidade, de seu estado de sua pátria.
Aos nossos dias o discurso envolvendo os termos: ética, conceitos éticos, moralidade é quase voz comum tanto no campo político quanto na área social e não raro confundidos entre si.
Mas que significado tem tais conceitos? Em sua expressão, mas simples a ética é definida como "o conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão." Portanto são os princípios que regem a maneira como os indivíduos devem viver e agir. A moralidade, ou a moral, por sua vez, é "tudo aquilo que procede em conformidade com a honestidade e ajustiça." Não é demais lembrar que tais conceitos, aos nossos dias, andam muito em baixa, principalmente entre uma significativa parcela daqueles que, pelo nosso voto, têm a responsabilidade e a obrigação de nos representar perante os poderes constituídos. Exemplos se fazem desnecessários pois que os fatos saltam, quase que cotidianamente, aos nossos olhos e estão na mídia.
Em verdade na filosofia clássica existem duas correntes que abordam o conceito de ética: os idealistas para os quais "a bondade ou maldade de uma ação deve ser julgada por padrões externos a partir de Deus ou de um ser superior". Do outro lado estão os utilitaristas que afirmam que "os efeitos produzidos nesse mundo por uma ação são tudo o que importa para o seu valor ético".
A ética utilitarista, portanto, resume-se no viver bem. A partir daí, aos nossos dias, há um conceito generalizado segundo o qual "tudo o que traz benefício ao homem, principalmente, em seu próprio interesse, é ético" não importando os meios para consegui-lo. É o conceito maquiavélico de que "os fins justificam os maios" , conceito aliás tão ao gosto de boa parte da classe política dos nossos dias, na verdade completamente ausente nãos só da ética quanto, principalmente, da moralidade.
A ética corresponde à decisão do ser humano de ser livre com responsabilidade. É a "ciência da responsabilidade do nosso ser."
Na ética nós humanos temos consciência da nossa responsabilidade diante do nosso destino. Daí nos sentirmos também responsáveis pelo mundo, pela natureza, pelos demais seres com quem convivemos, principalmente quando conscientes de que somos parte integrante desse meio.
Na medida em que no empenhamos em "com viver" corretamente, nosso ser se harmoniza consigo mesmo e com todos os demais circunstantes. Essa convivência harmoniosa foi denominada por Aristóteles de "ethos", o termo grego do qual deriva a palavra ética.
J. V. Rodrigues

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