EDITORIAL

Pobre Santa Casa

O que estamos vendo acontecer com a Santa Casa de Rondonópolis, que vive uma crise econômica e política sem precedentes, mostra que já passou da hora de uma união geral em torno do hospital.

Não se deveria ter deixado a Santa Casa chegar a este ponto: uma dívida superior a R$ 70 milhões e, para completar, uma crise política sem precedentes — a ponto de dois grupos se digladiarem publicamente pela direção do hospital, expondo de forma tacanha as disputas internas da instituição.

Pela primeira vez, em mais de 50 anos de história, dois grupos disputam o comando do hospital. Sob o ponto de vista da democracia, isso pode ser positivo, mas, da forma como essa disputa está sendo conduzida, é algo extremamente prejudicial. Em vez de propostas, assistimos a uma troca quase interminável de acusações — o que em nada contribui para o futuro da Santa Casa.

A situação chegou ao ponto de haver registro de boletins de ocorrência, adiamento do processo eleitoral e até pedido de impugnação de chapas.

Para agravar ainda mais, a Santa Casa está sendo alvo de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara de Vereadores. Para se ter ideia da gravidade da situação, nos últimos 30 anos, os vereadores de Rondonópolis instauraram apenas quatro CEIs — sendo uma contra um ex-prefeito, outra contra um ex-vereador, uma terceira contra um ex-secretário e uma última para investigar o carnaval popular de 2017.

Se toda essa crise política já não fosse o bastante, soma-se a ela a crise financeira. Pela primeira vez, a Santa Casa enfrenta uma greve de médicos motivada, principalmente, pelo constante atraso nos pagamentos dos profissionais que prestam serviços ao hospital. Em alguns casos, há débitos pendentes desde o ano passado.

Vale ressaltar que o rombo financeiro da Santa Casa ultrapassa os R$ 70 milhões — uma dívida significativa, que muitos já consideram praticamente impagável.

Nessa conta entram médicos, fornecedores e prestadores de serviços — o que compromete a credibilidade financeira da instituição e dificulta, principalmente, a contratação de novos serviços.

Parte dessa dívida tem explicação. Uma das principais causas é o valor repassado pelo SUS à Santa Casa. Em muitos casos, os recursos recebidos não cobrem os custos dos atendimentos, fazendo com que o hospital opere no prejuízo diariamente, já que o serviço de saúde é contínuo.

Para piorar, muitos desses pagamentos ainda são feitos com atraso, ampliando ainda mais o déficit financeiro.

Diante de um cenário tão grave — político e financeiro — só nos resta dizer: pobre Santa Casa.

Fonte: Da Redação

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