A composição do ministério da presidente eleita, Dilma Rousseff, tem sido uma fonte perene de cobranças por parte dos aliados. Não apenas o PMDB tem reivindicado uma participação maior no novo governo, como o PT também se mostra insatisfeito com o espaço conquistado, até agora, na Esplanada dos Ministérios.
Na tarde desta terça-feira, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra – um dos coordenadores da campanha presidencial –, precisou conversar com a bancada de deputados, que busca as pastas da Saúde, para a qual indicaram o atual ministro da Articulação Política, o médico Alexandre Padilha, e das Cidades. No caso do Ministério das Cidades, o cargo deverá mesmo ficar com o PP.
Na véspera, reunida com a equipe de transição, Dilma fechou a cota de ministérios cujas indicações foram feitas pelos parlamentares do PMDB. Em almoço com o vice-presidente eleito e deputado Michel Temer (PMDB-SP), ela definiu que o maior partido da aliança que a elegeu ficará com as pastas da Previdência, Turismo, Agricultura, Minas e Energia e Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Segundo auxiliares diretos da presidente, o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) já foi convidado e aceitou assumir o Ministério do Turismo. O atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, também foi convidado por Dilma a continuar no cargo e aceitou.
Nos dois casos, os nomes foram avalizados pela bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. E a disputa por uma vaga na Esplanada dos Ministérios foi acirrada. Fontes do PMDB disseram que Temer levou à Dilma o nome de pelo menos outros quatro deputados: Lernado Quintão (PMDB-MG), Almeida Lima (PDMB-SE), Maninha Raupp (PMDB-RO) e Mendes Ribeiro (PMDB-RS). Dilma e Temer deverão anunciar os chamados ministros da cota do PMDB nesta quinta-feira.
O senador Edison Lobão (PDMB-MA) voltará a comandar o Ministério de Minas e Energia, a pedido de Dilma e da bancada do partido no Senado. Contudo, para a vaga na Previdência Social a presidente ainda não formalizou o convite para a nova indicação do PMDB, o senador Garibaldi Alves (PDMB-RN). Antes dele, o indicado era o ex-governador do Amazonas e senador eleito, Eduardo Braga, que teria declinado por considerar que não tem afinidade com a área, segundo relato de peemedebistas.
– A bancada se reuniu e me consultou se eu aceitaria a indicação e eu disse que sim. Mas ainda não recebi nenhum convite – disse Garibaldi à Reuters ao chegar a seu gabinete à tarde.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Garibaldi afirmou que considera a área de Previdência Social um “desafio” na sua carreira política.
– Seriam mais fáceis de conduzir e resolver os problemas. Mas se você está na vida política ou em qualquer outra atividade você está para enfrentar os desafios – comentou sobre a provável nomeação.
Já o peemedebista Moreira Franco, que trabalhou na elaboração do programa de governo de Dilma Rousseff na campanha, é o nome do PMDB para assumir a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Ele resistiu à indicação no começo, segundo fontes do partido, mas agora já aceita a ideia e deve ser convidado por Dilma em breve. Ao concluir a negociação com o PMDB, Dilma se debruça agora para a escolha dos titulares das demais pastas e passa a atender a demandas dos outros partidos aliados.
Segundo petistas ouvidos pela Reuters, o objetivo da nova presidente é concluir até a data da diplomação – 17 de dezembro – o anúncio de todo primeiro escalão. Os presidentes de estatais e o segundo escalão serão divulgados só a partir de janeiro.
Novas pastas
Dilma Rousseff deve criar pelo menos uma pasta a mais na sua gestão, que cuidará dos interesses das micro e pequenas empresas. Ainda sem nome oficial, tudo indica que o ministério será ocupado pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). A escolha serve para atender dois interesses diretos: Dar mais um ministério ao PSB, que perdeu a pasta de Ciência e Tecnologia para o PT, e abrir a vaga no Senado para o suplente de Valadares, o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Outra pasta que pode ser criada, mas que ainda não tem uma definição clara de Dilma, é a Secretaria de Aviação Civil, que cuidaria da gestão e investimentos nos aeroportos, o maior gargalo de transportes para a Copa do Mundo de 2014. A nova secretaria também pode ser fundida a Secretaria Especial de Portos.
Ministros conhecidos até agora:
Previdência – Garibaldi Alves (PMDB/RN)
Turismo – Pedro Novais (PMDB/MA)
Minas e Energia – Edison Lobão (PMDB/MA)
Agricultura – Wagner Rossi (PMDB)
A. Estratégicos – Moreira Franco (PMDB)
Fazenda – Guido Mantega
Planejamento – Mírian Belchior
Justiça – José Eduardo Cardoso
Casa Civil – Antônio Palocci
Banco Central – Alexandre Tombini
Sec. Presidência – Gilberto Carvalho
Fonte: CDB