Petista assassinado será sepultado hoje; lideranças políticas lamentam e Bolsonaro faz novos ataques

O corpo do militante petista Marcelo Aloizio de Arruda, 50, está sendo velado desde ontem (10) no Ginásio Sebastião Flor, em Foz do Iguaçu (PR), e deve ser sepultado hoje as 14h, no Cemitério Municipal Jardim São Paulo, na cidade paranaense. Ele foi morto a tiros no sábado (9) por um policial penal bolsonarista que invadiu a festa de aniversário temática do guarda municipal.
Marcelo era tesoureiro do PT, partido ao qual era filiado há mais de dez anos e pelo qual concorreu a vereador e a vice-prefeito pela sigla em eleições municipais recentes.
A presidente nacional do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), compareceu ao velório neste domingo.
Antes, ela já havia divulgado nota e fotografias do militante em sua festa de aniversário em seu perfil no Twitter. Marcelo aparece posando ao lado de decorações temáticas em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao partido.
O assassino é Jorge José da Rocha Guaranho, policial penal federal bolsonarista. A Polícia Civil do Paraná a princípio disse que Guaranho também tinha morrido, mas a informação depois foi corrigida. Ele permanece internado.
REAÇÃO DAS LIDERANÇAS
Além da presidente nacional do PT, o ex-presidente Lula e vários candidatos a presidência da república divulgaram mensagens condenando o assassinato do líder petista em Foz do Iguaçu.
Lula lamentou a morte de Marcelo Arruda e atribuiu o crime aos discursos de ódio propagado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também manifestou solidariedade às famílias – da vítima e do agressor – e pediu mais diálogo e tolerância.
Ciro Gomes (PDT), caracterizou o ato como “ódio político”, e se solidarizou com a família dos dois homens. Ele publicou a nota no seu perfil do Twitter.
“É triste, muito triste, a tragédia humana e política que tirou a vida de dois pais de família em Foz do Iguaçu. O ódio político precisa ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas”, escreveu”.
Simone Tebet (MDB) divulgou nota em que também se solidariza com as famílias do petista e do bolsonarista.
“Tenho certeza que nós, brasileiros, temos todas as condições de encontrar um caminho de paz, harmonia, respeito, amor e dignidade humana suficientemente sólido para reconstruir o Brasil. Que o caso de Foz do Iguaçu faça soar o alerta definitivo. Não podemos admitir demonstrações de intolerância, ódio e violência política”, afirmou a emedebista.
André Janones (Avante) também usou as redes sociais para comentar o episódio e destacou a necessidade de medidas visando conter a violência.
“O debate ideológico sem qualquer base racional leva a tragédia que vamos lamentar profundamente. Ninguém vai conseguir explicar essa paixão que leva um ser humano odiar o outro por convicções políticas diferentes. Hoje nós vamos lamentar, desejar condolências às famílias. Mas e amanhã? Amanhã nós vamos esquecer como esquecemos o Genivaldo assassinado brutalmente em uma viatura? Aplaudir e agradecer agressores durante discursos em cima de palanques, como feito ontem? Nós vamos no chocar só com o agora? Não vamos mudar essa mentalidade? Nós vamos esperar que a tragédia, a barbárie chegue dentro das nossas casas pra combatê-la? Essa idiotização (que muitos chamam de polarização) não pode prevalecer. O Brasil precisa cuidar dos seus problemas reais, não criar novos”, defendeu.
BOLSONARO
Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) só se pronunciou sobre o caso na noite de domingo e, mesmo assim, aproveitou o episódio para novamente atacar os partidos de esquerda.
"Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", escreveu Bolsonaro no Twitter, reproduzindo conteúdo de uma mensagem que havia publicado durante as eleições de 2018.
Ainda no Twitter, Bolsonaro disse que "é o lado de lá [esquerda] que dá facada, cospe, destrói patrimônio, solta rojão em cinegrafista, protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede fogo nelas".
Apesar das declarações do presidente, todos os episódios de violência registrados nos últimos dias foram contra lideranças da esquerda e nenhum foi realizado por militantes desses partidos. Além dos ataques feitos contra manifestações da campanha do ex-presidente Lula, também houve tentativas de agressões contra o candidato Ciro Gomes (PDT).
Da Redação