Aceitar o pagamento de propina para um agente policial no sentido de evitar multa é considerada como medida passível de ser aplicada a 29% dos entrevistados da pesquisa de opinião ‘Nossa Casa’, divulgada pelo Instituto Vetor, que apresenta um diagnóstico sobre 'pequenas transgressões' cometidas. No total, 500 pessoas foram ouvidas. De um total de 7% não soube responder e 64% disseram que recusariam a proposta.
O levantamento aponta ainda que votar em um candidato que lhe ofereceu emprego é uma alternativa para 20% dos entrevistados.
Do total de ouvidos, 65% afirmou que compra produtos piratas e 16% apresentou atestados falsos para justificar faltas no serviço. Questionados sobre desrespeitar as leis de trânsito, do total de pesquisados, 42% confirmou ultrapassar o sinal vermelho. Assumiram estacionar em vagas de deficiente ou de idosos, outros 16%. outros 28% afirmaram que colaram respostas em provas ou concursos.
"Não discutimos conceitos, mas práticas, e essas práticas nos mostraram alguns paradoxos interessantes”, afirma Miriam Braga, socióloga e diretora da Vetor Pesquisas. Uma das premissas do levantamento, realizado com chefes de família cuiabanos, foi comparar o comportamento entre pessoas que participaram (22%) e que não participaram (77%) de passeatas contra a corrupção.
Quando perguntou-se o que o entrevistado faria numa situação de estar no banco, com filas grandes e avistar um conhecido entre os funcionários da agência, 23% dos entrevistados afirmaram “dar um jeito de furar a fila”. Esse percentual sobe para 26% entre os que participaram de algum movimento popular contra a corrupção.
Enquanto 20% votariam num candidato caso ele lhe oferecesse emprego, o índice sobe para 25% entre os que participaram de passeatas contra a corrupção. A maior diferença, no entanto, ocorre na questão sobre ser parado numa blitz de trânsito: 29% declaram que preferem pagar uma “caixinha” para o policial para evitar uma multa. Porém, esse percentual vai para 46% entre os “manifestantes”.
Perfil
Do público entrevistado, 24% possuem entre 30 e 39 anos e 19% na faixa etária compreendida entre 40 a 49 anos. O perfil aponta ainda que 43% possuem ensino médico completo ou superior incompleto (está cursando faculdade) e 35% dos entrevistados recebe entre dois e cinco salários mínimos, sendo que 26% recebem mais de cinco salários. Um total de 67% possui veículo.
O projeto Nossa Casa é realizado pela Vetor Pesquisas desde 1999. Neste ano, o tema central escolhido foi Corrupção. Foram realizadas 500 pesquisas com chefes de família cuiabanos no período de 20 a 30 de março. A margem de erro da pesquisa é de 4,3%, e o intervalo de confiança é de 95%