Um dos mais ferrenhos críticos do Governo nos últimos tempos, o deputado estadual Percival Muniz (PPS) voltou a se aproximar do governador Blairo Maggi. Uma espécie de “selo de amizade” foi estabelecido nesta quarta-feira, durante reunião no Palácio Paiaguás, testemunhada pelo deputado Gilmar Fabris (DEM). Muniz deixou o gabinete falando em “mudança de postura” e “relação mais civilizada” com o Executivo e com o chefe do Executivo. “Não quero ser oposição intransigente” – frisou o parlamentar que não descartou a possibilidade de o seu partido, o PPS, vir a apoiar a candidatura de Adilton Sachetti à reeleição, em Rondonópolis.
Apesar dessa aproximação, Muniz tomou o cuidado de descartar – pelo menos por enquanto – qualquer participação do PPS no Governo, como ocorreu na primeira gestão do governador Maggi. Mesmo que a sigla venha a apoiar a reeleição de Sachetti. O rompimento ocorreu depois que o governador decidiu apoiar o presidente Lula no segundo turno, contrariando a posição nacional do PPS, que era de apoio a José Serra, do PSDB. Antes de ser expulso da sigla socialista, Maggi e seu grupo se transferiu para o recém-criado Partido da República, formado da fusão do PL com o Prona.
A volta de Muniz, em verdade, já era esperada por muitos altos funcionários do Palácio Paiaguás. O deputado socialista é um dos principais interlocutores do governador. “Eles se falam sempre; nunca deixaram de se comunicar” – contou. Ao avaliar o resultado do encontro, Maggi foi eloqüente na “rasgação de seda”. Começou pelo reconhecimento: “Se eu sou hoje governador, devo muito a Percival Muniz”. E conclui com um certo exagero: “Em Rondonópolis, tudo lembra Percival”.
Muniz admitiu que existe, de fato, dificuldades de apoiar Adilton Sachetti. Não que não vá apoiar, mas há muitas arestas para serem aparadas. Pode ser até que não dê tempo. Seguindo o exagero de Maggi, Percival é ainda um duro crítico do prefeito. “Eu já vi em Rondonópolis funcionários com sete meses de salários em atraso; já vi coleta de lixo ficar parada um mês; já vi até servidor se suicidando” – disse. Quase soberbo, afirmou que quando era prefeito, a cidade andava a 100. Hoje, está a 30. Caso não apóie o prefeito a reeleição, promete ficar isento – o que muitos duvidam.
Em outras palavras, o PPS não vai com o peemedebista José Carlos do Pátio, deputado estadual e que vai liderando as pesquisas sobre intenção de votos. O acordo entre Pátio e o PSDB é considerado pelo parlamentar como inviabilizador. Quando ainda se colocava como candidato a prefeito, Muniz chamou os tucanos a uma aliança. Estes, no entanto, resistiram com a pré-candidatura do ex-governador Rogério Salles. No final, Salles renunciou a pedido da direção estadual do PSDB. Em Cuiabá, o quadro não muda: apesar das mágoas com os tucanos, o PPS segue em apoio a Wilson Santos.
Rubens de Souza
Redação 24 Horas News