Primeiro partido a realizar sua convenção nacional, o PDT oficializou ontem (20) o nome de Ciro Gomes como candidato a Presidência da República. Essa será a quarta vez que o político cearense tentará assumir o posto de presidente. Nas últimas eleições, em 2018, ele ficou em terceiro lugar, com pouco mais de 13 milhões de votos, 12,47% do eleitorado. Ciro também concorreu à Presidência nas eleições de 1998 e 2002.
“Eu quero unir o país em torno de um novo projeto”, disse Ciro, em seu discurso na convenção do partido, citando seu livro, que funciona como um documento do seu projeto de governo. “Tenho trabalhado nesse projeto há anos. Com o projeto nacional de desenvolvimento, nós vamos vencer inúmeros desafios”. Ele propôs uma reforma tributária que corrigiria desigualdades, para que os mais ricos paguem, proporcionalmente, mais impostos que os pobres.
Ciro Gomes também criticou as propostas de privatização da Petrobras e defendeu o fim da atual política de preços da estatal, que atrela ao valor do dólar o preço do combustível vendido no país. Ele defendeu ainda o fim do teto de gastos, um limite incluído na Constituição para as despesas da União.
“Vai ser revogado nas primeiras horas do nosso possível governo”, disse. Para Ciro, o teto de gastos é uma medida “arbitrária e elitista” por “cortar apenas os investimentos na vida do povo e deixar intactos os juros pagos aos banqueiros”.
SISTEMA POLÍTICO E DEMOCRACIA
Durante a convenção Ciro Gomes também fez duras críticas ao sistema político brasileiro. Ele defendeu a reformulação da política nacional para que os governantes atuem, de fato, em favor do povo.
“Não acreditem que os políticos possam, individualmente, resolver todos seus problemas. Não existem salvadores da pátria! O importante, então, não é só mudar os políticos. É, sim, mudar a política. É eleger políticos que queiram mudar a política! Que queiram mudar a economia. Que queiram acabar com o jeito corrupto de governar”.
“Porque todo o sistema político e econômico no Brasil foi criado para explorar e enganar os mais pobres. Isso foi assim desde o início e se aprimorou muito mais nos últimos anos. Nos últimos tempos, a bandidagem e a maldade se sofisticaram. Os hipócritas, de direita e de esquerda, aprenderam novas formas de enganar o povo. Isso tem levado o Brasil para trás. A cada ano, o Brasil perde de goleada para si mesmo. Está na hora de invertermos este jogo. Conclamo todos os brasileiros, de todos os quadrantes, a nos unirmos nesta luta”.
Já o presidente da nacional do PDT, Carlos Lupi, usou seu discurso para chamar atenção ao ataques contra a democracia brasileira. Segundo ele, Ciro é o candidato que carrega a esperança para o Brasil e, com ele, o PDT se coloca na linha de resistência da democracia.
“Aqui perto está esse profeta da ignorância que tenta, dia a dia, tirar a esperança do povo brasileiro. Nós vamos resistir, doa a quem doer, e não tememos nada nem ninguém para defender essa democracia. Por isso Ciro nos representa. É a voz do patriota, a voz de quem defende a causa trabalhista, de quem tem coragem de tocar na ferida do sistema financeiro”, afirmou Lupi.
O PDT ainda não definiu o candidato a vice-presidente. Essa escolha ficará a cargo da Executiva Nacional do partido, conforme decidido na convenção nacional de hoje. O partido tem até o dia 15 de agosto para registrar a candidatura. Como não tem alianças formais com outros partidos, o PDT pode ter que fazer como em 2018 e lançar uma “chapa puro-sangue”. Na ocasião, a candidata a vice foi a senadora Kátia Abreu, na época no PDT.
QUEM É CIRO GOMES
Natural de Pindamonhangaba (SP), Ciro Gomes construiu a carreira política no Ceará, onde foi prefeito de Fortaleza, eleito em 1988, e governador do estado, eleito em 1990. Renunciou ao cargo de governador, em 1994, para assumir o Ministério da Fazenda, no governo Itamar Franco (1992-1994), por indicação do PSDB, seu partido na época.
Ciro foi ministro da Integração Nacional de 2003 a 2006, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou a Esplanada dos Ministérios para concorrer a deputado federal e foi eleito. Também exerceu dois mandatos de deputado estadual no Ceará. Tem 64 anos e quatro filhos.
Da Redação